terça-feira, 22 de março de 2011


Assombração


Caminho pelas ruas do centro na madrugada,
Desertas como um pesadelo onde todos dormem.
Permaneço eu, sem óculos de visão noturna
Cega como toupeira na manhã que se avizinha.
Ando apressada com rumo certo e definido
Como se a solidão tivesse hora demarcada
Num abraço qualquer que a albergue.


Perco meu tempo e gasto inutilmente os sapatos.
O que corrói por dentro afasta o movimento,
Apaga as luzes dos bares, dos cinemas, dos cafés
Florindo na sarjeta as marcas do anonimato.
Retorno à casa no mesmo enfado que saí:
Sem ter-me atrevido a sair de mim.


-Helena Frontini-

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