quarta-feira, 30 de junho de 2010
Verdadeiro amor...
Na ansia incontida de amar e ser amada
Atrevi-me por caminhos desconhecidos
Nem sempre planos e por vezes tortuosos.
Provei o mel, o sal e o amargo
Na ponta da lingua, na garganta travada
Nos gostos que o desejo permitiu.
Tantos voos suicidas e amores vãos...
Eis que um dia, sem planos e sem relutar
Surgiu voce, que deteve minha descida
Desorientada nos sargaços em combustão.
Deu-me asas contidas de pássaro caseiro
Um ninho macio a embalar meu corpo
E portas abertas para eu poder partir...
Liberdade é querer ficar.
-Helena Frontini-
terça-feira, 29 de junho de 2010
Magia e realidade
Belas são as princesas dos contos de fadas
Sonhadoras e agraciadas de ouro e bordados.
Mesmo sofredoras nas florestas encantadas
Mesmo contidas por feitiços e maus fados
Seus pesares não desmancham as cabeleiras.
Os olhos chorosos não mostram vermelhidão
As mãos de borralho são alvas e altaneiras
E os andrajos não escondem a perfeição.
Não sou princesa do olhos doces e langorosos
Minhas dores são plenamente visualizadas.
Se me esfalfo em rixas e choros lamentosos
Pareço a bruxa da maçã envenenada.
Belas são as princesas dos contos de fadas
Onde a fantasia olha a feiura com desagrado.
O real desmonta esta magia numa ceifada
Pobre do meu principe encantado!
-Helena Frontini-
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Alegoria
O amor deu-me vestes etéreas, como nunca tive igual
Coloridas com as nuances das rosas entre abertas
Exalando perfumes durante o amanhecer.
O amor mudou meus anseios, meus gestos e atitudes
Elevou meus olhos muito além do que eu conhecia
Deu-me asas para que eu conseguisse voar.
O amor ensinou-me seus segredos sagrados e oníricos
Fez de minh'alma repositório de sua enorme riqueza
Jarro santo, relicário, altar de merecimento.
O amor deu-me virtudes, crença, beleza e sabedoria
Brilho nos olhos, faces rosadas e poesia sem fim
Deu-me coragem, alegria, desejo de mudar...
O amor deu-me tudo, sem nada pedir de mim.
-Helena Frontini-
Noites de outono
Chove lá fora, uma chuva miúda e outonal
Um frio úmido no céu escuro e nublado.
O vento ardido quer penetrar pelas frestas
Mas, a lareira acesa em seu fogo natural
Faz o ambiente íntimo e amoroso.
Ao fundo uma música lenta e sentimental
Duas taças de cristal e vinho tinto delicioso.
Tapetes macios espalhados no cháo
E meu amor enrodilhado em meus braços
Como um gato preguiçoso.
-Helena Frontini-
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Será?
Quando me olhas, recaio num silencio de estupor.
As palavras adormecem na garganta travada.
A face empalidece, as mãos transpiram geladas.
Fico a mira-te mesmerizada num falso pudor...
Pernas bambas e um tremor que nada alivia
Sininhos nos ouvidos e estrelas à luz do dia...
Meu Deus! Será que isso é amor?
-Helena Frontini-
terça-feira, 15 de junho de 2010
Provisório...
Teu amor,por vezes é como um país estrangeiro
Indecifrável idioma que só tu desvendas
Resvalando minha mente em perplexidade.
Às vezes,caminho neste amor por ruas estranhas
Assomam caras, frases, mãos, veleidades...
Tudo me desconhece e nada reconheço.
Quem dera não te fosses por becos e tangentes
E tudo em nós falasse a linguagem universal
Que mesmo sem voz se faz entender.
Quem dera me acolhesses em teu ser itinerante
E não fosses pária em busca de emoção,
Hóspede no país de meu querer.
-Helena Frontini-
Gran Finale
Foram-se embora amigos e amores
Sem que eu saiba o porque do abandono.
Dei o melhor de mim e só tive dissabores
Sou rainha entregando seu trono.
Não deveria ter me tornado poeta
Criado invejas e rejeitos que nem pensei
Minha vida era tão boa,segura e certa
Hoje pairo no limbo que eu mesma criei.
Porque não me contive no ostracismo?
Ninguem sabia de mim,nem mesmo eu.
Revelar-me só resultou no niilismo
De minha imagem que se perdeu.
Onde os amigos sinceros, impolutos?
Perderam-se diluidos na poesia
E a mim,resta-me o poder absoluto
De por fim a esta tola fantasia.
-Helena Frontini-
Marasmo
Estranhamente estou contestando meus versos
Reprises do mesmo tema que não saem do lugar.
Enfadonha mesmice que chega a enjoar.
Tanto a ser desfiado neste imenso universo
E eu presa nesta teia que se torna banal.
Cansei de ater-me a estes temas tão visados
E por todos, tantas vezes declamados.
Devo estar com uma espécie de ócio mental:
Preguiça de pensar...
-Helena Frontini-
Encantamento
Preparei para tua chegada um caminhos de estrelas
Ajaezado com todos os mistérios da natureza
Para que te encantes com meu amor.
Pedi às flores suas tintas vitais e perfumes exóticos
Adornei teu leito de bordados e sonhos eróticos
Para que te encantes com meu amor.
Colhi as uvas seletas da vindima e o trigo do chão
Cobri a mesa de iguarias, vinhos, frutas e pão.
Para que te encantes com meu amor.
Banhei-me com langor na fonte pura e vaporosa
Enfeitei minha nudez com uma rubra rosa
Para que te encantes com meu amor.
-Helena Frontini-
domingo, 13 de junho de 2010
Intimismo
Animais feridos recolhem-se à sua dor.
Guardam-se na toca em suspensão.
Assustados, ariscos, quedam em estupor
Esperando cura ou o desfecho final.
Há momentos em que sou bicho da cidade
Enjaulada à merce de olhares alheios
Sem um canto certo para deitar a desolação.
Espiam-me de forma generosa e abissal
Jogam-me migalhas de solidariedade...
Tudo o que desejo é ver-me livre de enleios
Lambendo minhas feridas em solidão.
-Helena Frontini-
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Justa causa
Num átimo percebi a serventia que me dás...
Repositório de tuas dores quando precisas chorar
Vaso aberto e afoito a recolher com meu ardor
Tuas lágrimas e fluidos quentes de homem.
Desnudo-me lambendo tuas feridas em chagas
Com o riso disfarçado de estar contente.
Quando queres, eis aquí teu pote de mágoas
Caldeirão fervilhante de dissabor...
Não deixes que se derrame uma só gota
Destas águas que noite e dia me consomem
Somem na terra,evaporam-se no ar
Exatamente como meu amor.
-Helena Frontini-
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Gratidão...
Pelo verde que a vista alcança encontrando o azul
Do céu num raio azul que gera comunhão.
Pelo claro que adormece o cansaço e pelo escuro
Que trás descanso à mente em danação.
Pelo nua flor entre-aberta,os espinhos e a doçura
Dos espinhos que protegem a mansidão.
Pela água perene que deu vida,escorre pela veia
Rebate na terra e se mistura à criação.
Pelo madurar do fruto,tenro embrião,o filho maduro
Que faz rebento e fruto que faz união.
Pela página em branco, lasca de mata que renasce
Na cor da palavra que lavra a inspiração.
-Helena Frontini-
Como antigamente
Ah! se teu abraço envolvesse minha cintura fina
E meu braço apoiasse em teu ombro largo...
Segurarias minha mão como galante cavalheiro
E me atrairías de leve ao teu porte garboso.
Estarias paramentado como astro de cinema:
Brilhantina, gravata borboleta, cravo na lapela.
Eu, feito diva com meu decote e os laçarotes
Num vestido de baile sensual e vaporoso.
Uma orquestra romantica tocaria em galhardia
Canções dolentes como não se fazem mais.
Iríamos rodando pelo salão nosso doce enrêdo:
Artistas de um filme em extinção.
-Helena Frontini-
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Luzes da alma
Escolhi não ter medo e abrir meu coração
Uma tocha acesa de luz envolvente.
O sofrimento quis-me encolhida e obscura
Pobre de anseios, esperanças ausentes.
Meu ser é de brilho, de valores adquiridos
De verdades inatas, de absorção.
Recaio e me ergo em cada queda brusca
Sem deixar a luz que se fáz fremente.
Minha alma é feita de sonhos permitidos
Independe do corpo de mornidão.
-Helena Frontini-
Toque de amor
Vive dentro de mim em amorosa constância
Um ser imaginário de mente irradiada.
Seus raios repousam no coração
Seu toque suaviza e desvanece a dor
Coloca flores no deserto e transparência
Onde se esconde a escuridão.
Estamos sempre de mãos entrelaçadas...
Que mãos delicadas tem o amor!
-Helena Frontini-
Bom dia, com amor...
Nasce outra manhã novinha, rescendendo a orvalho
O céu está azul e as flores dançam em sua palheta de cores.
A vida brilha ao sol que desponta e há gorgeios pelo ar.
Há tanta doçura na simplicidade do cotidiano.
O aroma do pão quentinho e do café com leite saboroso
O beijo com gosto de pasta dental,acenar para os vizinhos
Sorrir para o varredor, o frentista, o empregado ou ao doutor
Um sorriso não custa nada e alegra tanta gente.
Experimente o bom humor e faça o que importa com devoção.
Tudo o que é feito com amor tem valia aos olhos de Deus.
Seja qual for sua crença, agradeça por este dia abençoado
Que trouxe com ele a magia da renovação.
-Helena Frontini-
Mundo particular
Não se perca o encantamento de nosso encontro
Entre as pedras e espinhos da incompreensão.
Nosso amor merece um caminho eivado de flores
Bordado de estrelas, de cantos e emoção.
Tudo a nos consumir e descobrimos uma estrada,
Um desvio estreito diante de toda retaliação.
Fomos audaciosos e nos tornamos invencíveis
Guerreiros de nossa valente paixão.
A distancia que nos segregava agora é passado,
Nosso amor que à temeridade disse,não!
Sobreviveu, proliferou e hoje reina soberano
Em nosso mundo de imaginação.
-Helena Frontini-
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