terça-feira, 29 de dezembro de 2009



Sincretismo

Todo inicio de ano,me visto de branco e tenho rituais.
Fico cheia de intenções e planos que espero sejam alcançados.
Apego-me aos Santos e às supertições.
Na carteira guardo sete sementes de romã para que não falte dinheiro e pão.
Pulo sete ondas pequenas e ofereço flores à deusa do mar.
Acendo sete velas na igreja perto de casa e não deixo de comer sete uvas à meia noite,
enquanto pipocam os fogos de artifício.
Enrolo meus desejos de ano novo em papel virgem e os guardo junto à medalha,
de Nossa Senhora Desatadora dos Nós,que tenho na bolsa.
Esperando que tudo se cumpra e prospere.
Todo fim de ano me decepciono um pouco.Poderia ter sido melhor,ter ajudado mais,
Ter sido menos voluvel e mais amorosa...
Meu Deus!Como é dificil cumprir promessas.Mas,continuo tentando.Tente,também!


[b]-Helena Frontini-
(Pres.aut.)


Tenha um feliz e próspero Ano Novo!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009


Vade-Retrum


Fica decretado, jurado e sacramentado
Por este meu coração tolo e desavisado
Que à partir do momento em que desertastes
Todas as promessas e juras serão incineradas
Em cerimônia fúnebre,sem honra alguma.
Até a sombra de tua fumaça se perderá no ar
Misto de cinza,de fel e de lava.
Rei morto sem a coroa que nunca tivestes.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

domingo, 27 de dezembro de 2009


Amor distante


Longe pode ser um lugar bem perto
Para dois apaixonados.
Se este sol que te aquece e acaricia
É o mesmo sol que me incendeia.
Se esta lua de fases que te fascina
É a mesma lua que me deleita.
Se as flores diferem em formas e cores
O olor inebriante torna-as iguais.


Nosso chão é único,apesar de distante.
Pisamos a mesma terra, farta e fértil.
A aurora,o entardecer, as estrelas do céu,
O verde e o azul das matas e águas,
Tudo é comum a nós dois.Tudo!
Neste país chamado amor...
Longe pode ser um lugar bem perto,
Para dois enamorados.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sábado, 26 de dezembro de 2009



À moda antiga


Quero um amor daqueles de antigamente
Sem pejo de se mostrar livremente
Com serestas modulando a madrugada
Versos amorosos, a voz embargada
E lindas trovas a me encantar.


Não me importo que acorde todo mundo
E o cachorro do vizinho uive junto...
Quero abrir a janela e ver o meu amado
Galanteador, intrépido e alvoroçado
Olhos de estrelas a me facinar.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

terça-feira, 22 de dezembro de 2009


Natal de todo dia...


Natal, festa do Amor e da Natividade
Quando os corações se enchem de luz
Festejando com alegria e fraternidade
A vinda de nosso irmão amado,Jesus

Todo ano ele nasce em nosso interior
Desejando ser parte de nossa história.
Não só no dia dedicado ao seu louvor
Mas,eternamente para nossa glória.

Que este não seja só mais um dia
Em que festejamos seu nascimento
Sua luz Divina, que do alto se irradia
Não deve se finar no esquecimento.

O irmão que nossa alma acaricia
Nos quer a todo momento.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009


Medo de (a) mar...


Não sou o mar sem ondas que esperavas.
Há areia e correntes,chocando-se na vastidão
Na profundidade, há montanhas e escarpas
Abismos indevassáveis ocultos na escuridão.


Nunca soubestes navegar em meus mares.
Teu barco nunca tentou enfrentar os temporais
Fugias atordoado,no eterno medo de te afogares
Perdendo tua alma nesses segredos abissais.


Pressinto que nunca fostes bom marinheiro
E nada sabes das profundezas dos oceanos.
Preferes um lago calmo,manso e repousante


Com seu doce marulhar,límpido e hospedeiro,
Às aguas revoltas de meus sonhos e enganos.
Sou mar em fúria,melhor que fiques distante.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Menino passarinho


Dorme meu menino grande
Repousa tuas asas entre meus braços
Te cuidarei como se fosses um passarinho
Depauperado,caido do ninho...
O calor do meu abraço te guardará do frio
E da altura de tantos céus a te chamar.
No meu colo terás alento,apego,afago
E poderás sonhar serenamente.
Dorme meu menino grande
Tanto tempo esperei para te acalentar
Descansa por hoje, por esta única noite
Antes que voltes a voar.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sábado, 19 de dezembro de 2009


Bem vindo...


Meu irmão está pronto para o nascimento.
Desde sempre trago o ritual de sua chegada
A casa enfeitada,o presépio armado na mesa
Um pinheiro ornamentado de bolas e cores
Luzes tremulando no seu brilho mais profundo
E velas adormecidas,esperando ser acesas.


Espero sua vinda em pleno deslumbramento.
Esta criança especial que fará a diferença
Entre o antes e o depois de estar no mundo.
Hoje não vou olhar seu caminho de dores.
Só quero ter o milagre de sua presença
E enfeitar seu berço de flores.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009


Obsessão


Não sei te esquecer e isso me dementa
Minha mente traiçoeira,só te pensa...
Já tentei de todas as maneiras imagináveis
De meditação à promessas intermináveis.


Já me desgastei nos analistas mais seletos
Devassando meus segredos indiscretos.
Já tomei remédios,tarja preta,controlados
Com o risco de por eles, ter me viciado.


Já fui a todos os Pais de Santos e Orixás
Roguei aos deuses,devolvessem minha paz.
Pratiquei Yoga,Capoeira e Tai Chi Chuan
Talvez a concentração me tornasse sã.


Perguntei às cartas,aos buzios e ao I Ching
O porque da obsessão não sair de mim
Por fim, desisti assumindo que sou fraca
Não te esqueço e é isso que me mata.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009


Os dias não são iguais


Cada dia é único e pertence a si mesmo.
Olhar a manhã que nasce é um descobrimento
Uma fantasia descortinada por um unico olhar
Que também se modifica a cada amanhecer.
Nada é igual ao que foi ontem,nem mesmo nós
A agua corre e não volta mais à sua nascente
Assim como a vida,num constante fluir.
Tudo se esvai constantemente em mutação.

Ficar aprisionado ao que já foi é temerário.
O que ontem nos agradava,já não apráz
O que hoje é doloroso,amanhã será saudade.
Aceitar isso pode ser triste e arbitrário
Mas, a realidade é assim mesmo.
O tempo passa,escorre entre os dedos
Há que prender o dia e seus doces momentos
E os momentos em seu breves instantes


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Timidez


Quando mansamente adentro teu sonhar
Levo a delicadeza de asas de borboleta
Para em tua boca pousar um beijo carmim.
Mas,tu dormes e nem me pressentes...
Esse louco arrepio que te corre na pele
É meu adejar de asas mais sutil.
Não quero que percebas meu voejar.


Eu venho escondida, na calada da noite
Mariposa noturna e cheia de recatos.
Tenho medo que sintas meu amor em dia claro
E te assustes com o ardor que tenho por ti.
Entro então em teus sonhos mais ousados
E me mostro inteira e despojada
Para que devagar te acostumes a mim...


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

domingo, 13 de dezembro de 2009


Meu homem perfeito


Amo cada parte do teu corpo adorado:

Teu cabelo curto e generosamente grisalho,
Se desmancha e arrepia quando o espalho.

Teu olhar inteligente, tem pinceladas de mel
Numa doçura que sempre me leva ao céu.

Tua face, de pele dourada que me assanha,
Ao sentir a sombra da barba que arranha.

Tua boca de lábios firmes a se abrir de desejo
E teu hálito de menta que convida ao beijo.

Teu pescoço ativo que nunca está em dolencia
E teu peito de poucos pêlos e muita ardencia.

Tuas mãos acariciantes e braços de perdição,
Me envolvem em continuada rendição.

Tuas pernas de andar firme e suave gingado
E teus pés,limpos,belos e bem cuidados.

Finalmente,amo o teu centro que me alucina
E me queima inteira se te aproximas.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Até quando?


Eu sou a bela adormecida dos contos de fadas
Há tanto tempo dormindo nessa caixa dourada
À espera do principe gentil, generoso e castiço
Que num longo beijo destruirá este feitiço.


Tenho mil anos e sinto que não tenho futuro
Pois o tempo esqueceu-me neste lugar escuro.
O principe demora,não me acha ou se perdeu
Espero ansiosa o beijo que nunca me deu.


Talvez, nossos caminhos se cruzem, um dia
A esperança deita comigo, me faz companhia.
Ele não sabe por onde começar a jornada
E eu não sei aonde fica a estrada.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sábado, 12 de dezembro de 2009


Remendos remediados


Vou sumir com minha modesta roupagem
Este amarrado de fios que me recobrem
O pano que me deram já se faz encardido
Todo o meu corpo repele o que é cerzido.


Há tantos pontos costurando a vestimenta
Disfarçados no atavio que me ornamenta
O esgarçado com intenção de ser mudado!
Quero roupa nova revestida de dourado.


Com um tecido aéreo que não me prenda
Bordado a pérolas e da mais pura renda
Cores etéreas num explendor de princesa,
Avatar sensual de eterna chama acesa.


Não suporto esta prisão de mesquinhez...
Amo ouro e brocado e me visto de xadrez!
Que insensatez!


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009


Paixão


Quando te enlaço nesse laço apertado
Teu corpo se cola e se enrosca no meu.

Cada poro e fio de cabelo misturados
Numa urgencia que jamais se perdeu.

Nossa sombras se espalham no chão
E nosso corpo siamês,arde e desmaia,

Na lassidão que nos deixa prostrados.
Nos separarmos por pura exaustão...

Acabamos tão unidos que já nem sei
Onde começa voce e onde termino eu.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009


Dimensões


Se o meu choro pudesse lavar a minha alma
Ela seria tão cristalina como um espelho.

Se o meu pesar pudesse ter medida de valor
Ele teria a dimensão de mundos em caos.

Se meu arrependimento pudesse ser julgado
Ele traria a medida do juizo final.

Se minha dor pudesse ter a doçura do perdão
Ela faria chorar o universo inteiro.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Prece ao Deus interior


O sol se derrama luminoso sobre a cidade

Nenhuma nuvem no azul claro e perolado.

As maritacas conversam no meu telhado

Numa algazarra, alegre e alvoroçada.

Abro os olhos e a janela para a claridade

Inundando o quarto de cores douradas.

Em silencio, levo a Deus, meu pensamento

Agradecendo a vida que me é destinada.

A magia de estar aqui neste momento

E ser parte da manhã ensolarada.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009


Superstar


Tudo o que é mediano me aborrece.
Gosto de vulcões em atividade
Mares em fúria e tempestades.
Tenho horror a coisas vagas
Palavras incertas, mentes fechadas
Prefiro livros abertos e bocas caladas
A ouvir sandices e disparates.
Não me tragam comida insossa
Nem adocicada em demasia.
Quero o fervente,o amargo,o ardido
A ter o mesmo gosto todo santo dia.
Sou coerente em minhas atitudes
E não me privo do que me engrandece.
Se desejo estar no alto como estrela,
Porque me contentar em ser vagalume?


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)


Porto Seguro


Traga o brilho de teus olhos,quando vieres
Estou precisada desta luz que me alumia
Barco sem porto lançado às interpéries...
Aguaceiros já me afogam em nostalgia


Tua ausencia se avoluma num crescente.
Meu rumo se tornando impreciso e vago
Precisa da direção concisa e competente
Do faroleiro que me acende de afago


Deixa-me aportar na tua vida docemente
Amarrada firmemente neste cais amoroso
Não me recuses a ancora dos teus braços
Ou soçobro neste mar tão revoltoso.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

domingo, 6 de dezembro de 2009



Rituais dominicais


Hora do almoço meu pai deixava a roça de lado
Pegava num banquinho capenga e todo gasto

Do alambique retirava um copinho de bagaceira
E sentava à sombra do velho pé de laranjeira.

Nas mãos,o fumo de corda e o canivete sem fio
Enrolavam um cigarro de palha longo e esguio.

Seus olhos azuis misturados ao verde do mato
Mais o cheiro de terra combinado ao do tabaco.

Fumaça espiralada e o pensamento perdido
Sabe Deus onde... Não podia ser interrompido.

Ensismesmava até dar fim ao pito e à bebida
Depois voltava em silencio para repor a vida.

Nunca soube onde ia nos domingos que fugia
E entrava nesse mundo que não me incluia.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sábado, 5 de dezembro de 2009



Poema de areia


Minha poesia por vezes se mostra ausente
Vazios inesperados me tornam impotente.

As palavras se amarram num laço estreito
Clamando pulsarem num verso perfeito.

Habitam desertos na casa da inspiração
E ela foge humilhada, de indignação.

Sem prenuncio surge um vento daninho
Varrendo a poesia de meu caminho.

E nada me ocorre e tudo se encalha
Ante a aridez que em mim se cala.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Proibido...


Enfim,declara-se o momento esperado
Cala-se o amor que deu todo errado.


Prendo o sonho num aperto concreto
Envolto num véu totalmente incerto.


Os olhos de constatação, abismados
Retêm o segredo jamais revelado.


Guardado em nosso mundo instável
Dormitava um sismo imensurável.


Tantos desejos envoltos em clausura
Dois perdidos nesta noite escura.


Restou apenas esta saudade atrós
De um tempo abreviado por nós.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009


Flor esquecida


A flor que um dia tirei de tua cabeleira
Fechei num livro de poemas a te lembrar
Poemas de amor tão inebriantes
Como o teu perfume há tanto evolado.

O tempo passou e perdi-me de ti.

Hoje,achei o livro e a flor prisioneira...
Encontrei-a quase a se desmanchar
Presa num verso despudorado.
Não me lembro porque a guardei ali.

Talvez, para secar.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009


Pane mental...


Estava quieta tentando me inspirar.

E logo vieram fantasmas a me assombrar

Batendo palmas e contando piadas

Enfiando minha poesia numa caixa lacrada.

Pobre de mim à merce de suas risadas...

Não me presto mais a estas charadas

Quero sossego e não esta arruaça

Tornando meu poema pobre e sem graça.

Voltem a seu castelo sem imaginação

E procurem lá por sua redenção.

Criação é coisa séria, se querem saber.

Vou me desligar...Preciso escrever.

Sem distração!


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009


Vida


Orvalhada pela madrugada
Enfeita-se a rosa
Trêmula e alvoroçada.
Milagre pleno a desabrochar
No limite que lhe é dado:
Curto, breve, bravo
Inteiro.


-Helena Frontini-

Rebeldia


Estou indo embora de mim...
Todos os dias abro as asas revoltas
e ensaio um voejar improvisado.
Ansia incontida por mundos sem fim
Em busca do sonho destronado.


Falta-me espaço para planar.
Tudo aqui remete ao caos impreciso.
As asas clamam por estarem soltas
No convite que conduz ao paraiso.
A mulher pássaro vai voar...


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

segunda-feira, 30 de novembro de 2009


Nem virtual...


O que consumiu nosso pretenso amor
Foi o excesso de palavras que por ti ousei.
Preferias que tivesse me calado em recesso
Sem dizer-te quase nada de meu.
Era tudo o que querias,agora eu sei!
Uma mulher silenciosa que não te aborrece
Com histórias pessoais e divagação.
Alguém para as horas vagas...
Não sou boneca sem voz, vê se entende!
É claro que já definistes a situação...
E por isso esta história se acabou:
Covardemente!


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Destruição


Galhos,pedras,crateras acesas
lascas e pedaços em todo o meu chão.
Onde meu terreno de mato rasteiro
Verde pintado de verde em profusão?
Esturricou-se tudo à minha volta
Calcinado,queimado,eliminado
Por mãos que trariam promissão.
Mentiras são fogo a consumir a mente
Sem dó, como chamas do inferno
Eternamente em combustão.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

domingo, 29 de novembro de 2009


Pequenas saudades...


Tantas vezes o passado me enternece
E me cobre de pensamentos embolorados.
A menina que fui quase se desvanece
Em tantos tempos vividos e atormentados.
A sombra do cãozinho fiel é imagem extinta
E as flores na caneca já viraram cinzas.
A asa do tempo veloz tudo oblitera
No entanto a presença do que fui persevera
E vez em quando assombra minha aura.
Rio ou choro e a solidão se instaura.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sábado, 28 de novembro de 2009


Labirinto


Sempre achei que teria grandes méritos
Porque os sonhos eram grandes e os desejos
Muito maiores do que os sonhos...
No entanto algo foi varrido deste contexto ideal.
Talvez a pobreza do dia a dia tão sem janelas
Que se abrissem para a luz do sol.
Talvez o cotidiano que envolveu e fez adormecer
Toda e qualquer esperança de se esquivar.
Talvez o labirinto sem saída e atordoante
Que encurralou as antigas vontades.


No entanto,elas existem e são uma realidade
E nunca terão uma morte inglória.
Pois,somente o fato de pensá-las ainda,
são prova de que estão apenas narcotizadas,
num sono falso que não trás repouso...


Há que acordá-las a qualquer momento.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sexta-feira, 27 de novembro de 2009


Feiticeira


Adentro os teus mistérios como a um templo
Em silencio,pasmado, diante de um sacrário
Achego minhas mãos ao teu corpo relicário
E sinto a pulsação acelerada de teu centro.


Enquanto a doçura se adere à minha palma
Meu lábio pousa leve em teu desejo aflorado.
Tenho receio que te afastes ou percas a calma
E fujas desabalada de meu ardor disfarçado.


Não te assustes minha borboleta amorosa
Nem faça ares de quem não entende nada.
Sei muito bem o que guardas tão zelosa:
O feitiço desta ternura que me acaba.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)
Explicação...


As mão alisam com ternura o papel em branco.O lápis,apontado no capricho,vai criando formas aleatórias...Arabescos em lugar de poesia.Tento escrever,porém nada me ocorre.Parece que tudo já foi escrito ou falado.A inspiração,minha doce amiga,foi-se antes mesmo de chegar.Para esperar a sua volta vou responder a uma pergunta que sempre me fazem,os amigos,parentes e fãs mais chegados.
O porque de eu usar lápis numa era digital?
Eu explico num instantinho...só preciso uma pausa para me achar.É que não imagino meus escritos eternizados para a posteridade.Um rabisco aquí e outro ali e está feita a minha pretensa poesia.Sem mistérios e sem intenção de ser melhor do que fulano ou beltrano.Sem neuras e invejinhas tolas.Também não espero aclamações do mundo e nem aplausos ao que me é tão natural.
Sabe porque escrevo à lapis? É que o grafite tem o dom de se desintegrar.


-Helena Frontini-

quinta-feira, 26 de novembro de 2009



Separação


Um prato sem sal, sem gosto e sem sabor
Eis tudo o que restou de um pseudo amor.


Tão distantes estamos um do outro,agora.
Cada um segue seu rumo este mundo afora.


Parece que nem tivemos uma vida em comum
Ou nunca nos cruzamos em momento algum.


Por quanto tempo dormimos neste impasse.
E como foi rápido e definitivo o desenlace.


Agora,cada um tem na vida novas diretrizes
A ansiada separação nos fez mais felizes.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009


Quase dia...


Na janela escancarada a aurora abre um vão
Raios cintilantes no fôsco da madrugada.
O céu ainda em penumbra desvenda um clarão
Numa palidez que logo se tornará dourada.


Levemente sobe do chão uma tenue fumaça
Desenhos abstratos num quadro surreal.
A natureza se adorna em estado de graça
Criando vislumbres do nascimento ideal.


Por instantes há um estado de suspensão.
Tudo se cala esperando o momento milagroso
O presente mais brilhante de toda a criação.
Nasce, enfim o sol deste parto silencioso.


Foi-se a noite para o outro lado do mundo
E fico eu em deslumbre profundo.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Letal


Pensei que nosso amor fosse essencial
Porque eu precisava acreditar.
Nunca imaginei que em tua moral
Nossos sonhos fossem apenas diversão.
Tão desnorteante esta arte de amar!
Para mim sempre foi a verdade impoluta.
Para ti uma simples distração.
E assim foi e assim será.
Amor absoluto no gênero humano
jamais haverá.
Fiquei eu juntando os cacos
da taça de cicuta.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009


O beijo


Meu amor tem um beijo selvagem e adocicado
Néctar divino em minha boca desmanchado.


Gosto de manhãs orvalhadas buscadas no céu
Eucalipto,pimenta e hortelã mesclados de mel.


Lábios macios feitos de caricia plena e atrevida
Deixam-me em estupor e de desejos,rendida.


Como resistir a este crescente de amor
Fogo sagrado que consome meu vão pudor?


Passo os dias nesta gastura um tanto louca
O ardor já não cabe no espaço desta boca.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

domingo, 22 de novembro de 2009


Desejos angelicais...


Quem dera eu fosse um anjo para minimizar a dor
A dúvida,a tristeza, ao doce toque de meu amor.

Pluma suave decompondo a tristeza,a desolação
Acariciar tua alma,abrandando mente e coração.

Com um adejar de asas, de leve e de mansinho
Retirar de seu mundo tudo o que fosse mesquinho.

Quem dera pudesse te banhar nas aguas da pureza
E te dar as cores e perfumes de toda a natureza.

E te fazer cantar e te dar olhos que perdoassem
E te encher de sonhos que nunca se acabassem.

Como,não sou anjo ainda...apenas uma aprendiz
Te dou um desejo humano:que sejas,sempre feliz!


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Inspiração...


Enquanto teu amor for meu somente
Dar-te-ei poemas brilhantes como estrelas
Porque sei que te orgulhas e ficas contente
E teus olhos se iluminam em centelhas.

Longo amor, breve ou um simples lampejo
Minha poesia te buscará onde estiveres
E vibrará em teus lábios como um beijo
Por todo o tempo em que me quiseres.

Se um dia tudo se acabar em dor ou festa
Poderás dizer com teu olhos marejados:
-Fui feliz por ter amado esta poeta...
A que deu-me versos jamais olvidados.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009


Medo de amar


Se pensas que meu amor é calmaria
um vento morno que apráz e acaricia

Muito te enganas,amor da minha vida.
Meu amor vem carregado de poeira ardida

De um deserto há muito desabitado
Se te aproximas,vem...mas, com cuidado!

Ferir-te não é parte de minha sina.
Tenho receio desta paixão que me domina

Adormecida e outra vez reavivada
neste fogo a que me entrego assombrada.

Se me queres,apazigua esta tempestade
E serei tua por toda a eternidade.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Estrela cadente


Nosso amor nasceu de uma estrela cadente.
De um pedido com hora certa para começar.
já estava descrito em todos os quadrantes
Que seu destino teria o tempo de um desejar.


Ao avistar o raio que passa incandescente
Busco consôlo neste presságio perigoso:
Que tu voltes aos meus braços, novamente
E me envolva inteira em teu ser ardoroso.


Por estes céus há tantos riscos luminosos
Meus anseios se consomem neste fogo!
Parece que não tive a gana dos desejosos
Nada se cumpriu,não passou de um jogo.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009


Limbo


Estou dolente em compasso de espera.
Não sei se fico ou se vou mundo afora.
Há tanto a ser vivido, sentido, realizado
E eu amarrado e perplexo nesta esfera.
Numa redoma dourada que me sufoca
Ao revés de meu sonho vaticinado...


Sair significa tentar o que ficou olvidado
Abrir mão de minha comodidade certa
Deixar o itinerário tantas vezes seguido.
À procura de meu destino amortalhado
Tão desejável quanto uma porta aberta
Ao mundo que me trás escondido.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Luz interior


Não deixe que tua luz se apague sem fazer nada
Alimente-a com poesias,bondade e coisas belas
Perceba que esta luz que ilumina a tua estrada
por menor que seja é como uma linda estrela


Um farol a te guiar pela noite insone e escura
Não a deixe finar-se num momento de tristeza
Ela é perene e brilha até mesmo na amargura
Ou em estágios de dor onde grita a incerteza.


Deves cuidar que não se afaste de tua alma:
O poder da Fé,do amor e da justiça inabalada.
O ideal e a vontade que não carecem de calma


Esta chama interior que em teus olhos viceja
Nunca a destrua pois só a ti foi destinada.
E cabe a ti cuidar que permaneça acesa.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sábado, 14 de novembro de 2009


E a vida passa...


Fiapos de luz,desnudando as sombras
Agua cristalina,cantos,gorjeios e aromas
Todas as cores e flores inebriando o dia...
Céu azul que os olhos assistem,mal abertos.
Um balanço de rede,encostando o sono
Tudo a fazer e eu não faço nada.

Ai! que modorra boa em dia de primavera!

A noite solta a lua e seu cortejo estelar
Ave Maria,tocando na igrejinha distante
Pássaros diurnos em busca de seus ninhos
Morcegos voam e mariposas queimam-se na luz.
O balanço da rede continua lentamente
Tudo a fazer e eu não fiz nada.

Ai! que preguiça boa em noite de primavera!


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009


Estrepolias...


Às vezes encontro meu sonho,perdido em lugares estranhos.

Em baixo da mesinha, numa fotografia embolorada

ou num vaso com flores e até mesmo na cozinha.

Vez ou outra ele escapa de mim e se quebra de modo incomum.

Vou buscá-lo em cada cantinho,colando os pedaços

até que se torne inteirinho...

Fica um pouco machucado quando se afasta de mim!

E sempre volta arrependido...

Melhor ter um sonho escondido do que sonho nenhum.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quinta-feira, 12 de novembro de 2009


Insonia...


Olhos fechados,em doce sono embalados
Escondem um ardor que não se exprime
Parece que dormem, mas estão só velados,
Perdidos num desejo que mal se reprime.


Sonha acordada em devaneios de mulher
Almejando lhe venha o impetuoso amado
Na dolente rendição que seu corpo quer...
Leva-a nos braços ao seu leito almiscarado


Dando-lhe um amor ardente e desvairado
Que os olhos cerrados, imploram acontecer.
Ah! anjo travêsso,insone e desatinado
Guarda em segrêdo o que mais quer ter...


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Amor e seu tempo


Nosso instante feliz passou irremediavelmente.
Foi amor com hora certa para começar e acabar.
Os ponteiros já me avisavam inexoravelmente
Só meu orgulho cego não escutou o tempo gritar.


Devia ter percebido que este amor era um deserto
Pelo teu jeito evasivo e quase sempre ausente...
O coração só sente aquilo que imagina estar certo
Não percebe de imediato a aridez num crescente.


A paixão louca desvairada, mudou-se em amizade
Lenta e fatalmente até este sentimento se acaba
Sobrando a amargura,em testemunho da verdade.
Nosso tempo tornou ao pó, desfeito em nada.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

terça-feira, 10 de novembro de 2009


Insensatez


Primeiro, teu desejo constante afastou o medo de me entregar...
E nos amamos de muitas maneiras delicadas e perigosas.
Com certeza soubestes fazer-me rir e chorar
Em meio a poucas palavras e intenções duvidosas.
Foram picantes arroubos, enleios e frenesi
Inventados numa gana de emoção...


Depois tua ausencia e pobreza de dádivas,se fez constante.
O coração morava numa nuvem e despencava no chão
Todos os dias, embalando pequenos cacos de ti...
Impossível viver no balanço desta emoção discrepante
Barco sem meta, sem rumo que nunca aportou.
E, percebes agora? Eu endoideci...

Não podia durar,como não durou.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009


Corretivo


Há dias em que os sentimentos
são como um ferro em brasa.
O coração na bigorna de um ferreiro,
Fica malhando e malhando
Até que desmantele sua vontade...
Moldada neste fogo altaneiro
Reduz-se à realidade condizente,
Perfeita sintonia com a sociedade
E bem menos interessante.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Memórias...(2)


Na rua de minha infancia só havia casas...
Prédios altos,só no centro da cidade.
Os quintais grandes, tinham rosas,jabuticabas
amoras e limões que de tantos,se perdiam...

Não havia televisão e toda a modernidade
O rádio era o amigo informado e tagarela.
Os carros, poucos e só aos ricos se permitiam.
Bom era vadiar, explorando ruas e qualquer viela.

Luxo era ir de bonde, se o dinheiro permitia
tomar sorvete na rua Direita...Que emoção!
Olhar festeiro de criança brilhando de alegria,
não viam a pobreza e a desolação....

A vida pobre e sofrida que a todos consumia
Inventada e reinventada pela imaginação...
Saudades da simplicidade que eu nem percebia
e hoje mora num cantinho do coração.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sábado, 7 de novembro de 2009


Policromia...


Tantas cores misturadas, fazendo rebuliço.

Pinceladas multi cromáticas em doce fulgor.

Que teu fim de semana seja assim bonito:

Uma catarse inspiradora de muito amor.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)