terça-feira, 24 de janeiro de 2012



Antecipação...


Tu fostes embora e eu fiquei...
O mundo não se acabou, como pensei
E tudo continua igual, fora de mim.
As mesmas flores decoram o jardim
A mesma vida, nasce, cresce, envelhece
Sob o mesmo sol que reluz e anoitece.


Meu coração pulsa fora do compasso
Agitado, à espera dos teus passos,
Enquanto os olhos vertem gotas irizadas
prenhes de saudades, não lapidadas.
Abdico do tempo que me foi dado
para reencontrar-te, meu bem amado.


-Helena Frontini-


Moto - contínuo


Não é pelo fato de eu me anular
que o resto do mundo hesita comigo
Lastimando meu ato de rejeição.

Tudo segue célere, seu rumo definido
enquanto me visto de autocompaixão
Prossegue a roda da vida a girar.


-Helena Frontini-

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012



Sempiterno


Passa o tempo no caminhar das horas
levando a juventude a beleza e a graça.
Mas, o amor que sentimos e nos enlaça
permanece atemporal e é sempre agora!


-Helena Frontini-


Gênese


Amor, meu grande amor, ouve meu coração:
Bate célere, agitado, como se fosse voar.
Põe tua cabeça em meu peito e me adivinhe
com calma e acalma o frenesi desta emoção.
Cala a voz do meu anseio com beijos fecundos
e dá-me teu ar, para que eu possa respirar.

Entra em minhas entranhas e aí se aninhe
como se fossemos um só corpo gemelar...
Um só frêmito que nos arrebata do mundo.


-Helena Frontini-


Presente de Natal


Já escrevi minha cartinha para Papai Noel
Sem querer nada exagerado ou oneroso
para não sobrecarregar o bom velhinho.

Apenas a palavra AMOR enchia o meu papel
e como sei o quanto é delicado e bondoso
Vai dar o que pedi, ao menos um pouquinho!


-Helena Frontini-


O mundo lá fora...


Resguardei meus sonhos em trincheiras
Como se alí estivessem em segurança.
Não imaginei suas pretensões aventureiras
Desejo e liberdade em íntima aliança.


Pelas frestas agitam-se, pássaros frementes
Ante o mundo que proclama interação.
Encho o peito e num suspiro condescendente
Abro a guarda e solto-os sem direção.


-Helena Frontini-


O rio e a pedra


Toda placidez vem do teu rio que me acolhe
Densa corrente, esmerilhando dor e desdita.
Tua energia que invade, pura e energizante
Inundando a pedra seca da minha vida.

Dá-me tua mão, líquida concha borbulhante
Mas, deixa-me sorver até o último gole.


-Helena Frontini-


Modus operandi


Tento ser leve como borboleta
Ao adejar por este amor sem me iludir.
Sei que seu intento é ter-me cativa, me dominar
Sufocante prisão que vai me consumir
Batendo-me nas paredes, lapidando minhas asas
Até que eu não possa nem esvoaçar.


Amor não é servidão, meu rei obstinado!
Se enclausuras o ser amado, não sabes reinar
E me obrigas a voar em outra direção.


-Helena Frontini-


Dia de consciência é todo dia...


Não deveria existir uma data evocando a consciência negra,
ou a consciência branca, vermelha, amarela, marrom...
Pois a irmandade entre as raças deveria ser encarada como devoção.
Racismo e segregação, foram criados pelo homem e sua leviandade
Desfazendo as leis de um Deus, onisciente, amoroso e justo.
Que cada um faça a sua parte erradicando esta chaga aviltante
Para que num futuro bem próximo, todo sejamos irmãos.


-Helena Frontini-


Elementos


Tu chegas envolto em fogo e lava
Trás nos olhos uma lua escancarada
Nos lábios o gosto de mel e sal.
Teus cabelos são crinas tremulantes
Num corpo rijo como o cristal.
Mãos que deslizam orvalho e néctar
Na terra fértil da amada.
Entrelaçam-se trepadeiras ululantes
Espalhando esporos pelo ar.


-Helena Frontini-


Amar, nunca é em vão!


Tudo o que se faz por amor e com amor é perfeito.
Quem ama encontra o seu modo e seu jeito
de ser feliz e demonstrar o amor em cada momento.
Dure o tempo que durar é o amor que nos dá alento
e mesmo que termine em mágoa ou resignação,
ainda assim sua marca é indelével em nosso coração.


Não fuja do amor, por medo de se desiludir ou sofrer,
pois sua força é tão nobre que nunca irá se perder.
Ame da sua maneira, aquela que se faz única e especial
E sinta que amar e ser amado é um dom celestial.


-Helena Frontini-


Saciedade


Deste amor extraio o pão e o néctar
Nutro a alma e saboreio o céu.
O corpo farta-se do etéreo manjar
Da paixão que sabe a sal e mel.


Sacio fome e sede de fantasia
Das palavras com que me alimento.
Basto amor que é carne e poesia
E fartamente me dá sustento.


-Helena Frontini-

Eis-me aquí, nesta praia vazia
Absolutamente fria e só.