sexta-feira, 7 de setembro de 2012

 
Marinho...


Traze-me aqueles búzios, que aos meus ouvidos

Marulham as profundezas de teu intrépido mar.
Deixa teus rastros de areia em meus sentidos
Quando te achegas, vibrante como a preamar...



Tuas ondas esparramam-se e atingem o leito
Onde nos engolfamos no sal da paixão.
Rolam meus fluidos na voragem dos desejos
Abrigados na concha macia de tua mão...


-Helena Frontini-
 
Sensibilidade


Quando a alma está leve e a doçura do amor irradia
Até uma pétala de flor é motivo para vibrar como criança.
Que a pureza do dia te envolva num manto de esperança
E a magia de viver seja sua mais dileta companhia.


-Helena Frontini-
 
Paixão


Você transformou o seu destino, para nos livrar
das iniquidades que distorcem nossas vidas.
Você nos deu preceitos e formas de amar
humanamente envolvido nesta cruzada bendita.


Você nos ensinou a justiça, o bem, a caridade
e perdoar com a alma de onde emana toda a luz.
Você nos deu atos e palavras solenemente lapidadas
até se transformarem em Amor Puro e nada mais.


Acabou preso na ingrata política e suas veleidades
com seu esplendor idealista afixado numa cruz.
Cumprida a missão tão arduamente conquistada
retorna Divinizado aos braços amorosos do Pai.



-Helena Frontini-
 
A cítara e o menestrel

Teu corpo definido é uma cítara rara, pronta a ser dedilhada por teu destro menestrel. Uma melodia nasce bem elaborada e descompassa e desarma minha lassidão. Harpejo sem pudores, pelos teus contornos, que defino e afino nos timbres breves e semibreves que se tornam som. A música extasiante, cresce e decresce em seus acordes graves-agudos e nos mantém enlevados, até a derradeira nota estremecer no ar.O gran finale allegro maestoso, quando nos tornamos um só instrumento afinado e vamos acordar os anjos, que nada sabem de paixão.


-Helena Frontini-
 
 
Emblema...


Não te afastes de mim, numa viagem sem volta.
Assinale em todas as cartas de navegação
O porto hospitaleiro, onde fincastes teu coração
Hasteado como bandeira, no umbral da minha porta!



-Helena Frontini-

sábado, 17 de março de 2012



Deserdado


Procuro dentro de mim, emoções para te lembrar.
Vou até o cerne, descasco troncos e raizes
Numa utopia fremente por algo de bom encontrar
Que purifique o sofrimento e as cicatrizes.


Dói-me a alma, exacerba-se meu intento.
Escarafuncho, mais e mais fundo para desentocar
O bicho que fostes, devorador de meus sentimentos!
Nada sai de mim, nem mesmo um riso de esgar...


-Helena Frontini-

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012




Novo mundo


Vem, dá-me a tua mão e vamos embora
Há um mundo todo novo à descobrir.
Deixe que os trilhos de destino nos levem
Ao desejo, que ambicionamos, os dois...


Não te detenhas no passado que deploras
Ou no presente que determina teu agir.
Nasceu o tempo dos sonhos que acontecem
A hora é agora!...Não antes, nem depois.


-Helena Frontini-


Decifra-me, se puderes!


Se nunca me falas, como é que vou saber
dos teus quereres ou de tua reprovação?
Por vezes leio teus olhos, por vezes, não...
Teu silencio quase me faz enlouquecer
Detesto brincar de adivinhação!


-Helena Frontini-

domingo, 12 de fevereiro de 2012



Entressafra


Minha poesia tem períodos de entressafra,
assim como as lavouras, aradas e colhidas
repousam à espera da nova plantação.
Um ciclo encerra-se, fecundo e abençoado
alimentando o afã que me devorava.
Outros virão, pois poeta tem fome abstrata
de arte, lirismo, imaginação...


Todo campo, incessantemente cultivado
com sementes iguais, degenera infecundo,
a terra gasta, clama preparo e diversificação.
Quando o grão é colhido se faz nutrição,
Depois há o saciar e o comedimento profundo...
A nova poesia germina no solo restaurado
gerada no húmus fértil da inspiração.


-Helena Frontini-


Sensações


O sono envolve meu corpo sem apelos.
A mente flutuando num espaço branco
Sonha em cornucópias aleatórias
Alumbrada, sem diretriz e sem medo.


Tua mão pesada repousa em meu flanco
Resvala, tesa como o teu desejo...
Desfaço-me daquela sensação imaginária
Para a real urgencia dos teus beijos.


-Helena Frontini-


O fá e a diva...


O assombro de mirar-te a primeira vez
grudou-se em minha retinas como tinta,
saida da palheta de um pintor enamorado.
Teu vulto esguio, a cabeça coroada de altivez
atirou-me um olhar alheio e desatento...
_Eu, mais um, na multidão ensandecida!


Fostes embora para teu reino cinematográfico
acompanhada de fãs e arautos vigilantes...
Rainha aprisionada à própria fama!
Adorei-te as espáduas, os cabelos a luzir
e uma lágrima brilhou ensimesmada.


Nunca mais estarei tão perto de ti, bela diva
e nunca saberás da paixão idolatrante
nem dos beijos, em tua foto, antes de dormir!


-Helena Frontini-


Aprendiz


Saber de amor, eu já sabia...
O que não imaginei foi este furacão
que engoliu todas as temeridades
em seu rastro de paixão!


-Helena Frontini-


Pânico


Tudo me escapa e se arrasta em desvario
No medo que desenrola seu fino aguilhão.
Até mesmo o verso, ainda mero arremedo
Prende-se ao ventre sem ânimo de parir.
Minha poesia é vela gasta até o pavio
E o sentimento arde-me à flor da pele,
Arrepiando os pelos da inquietação.


O pânico regurgita seus eflúvios azedos
Num travo que jamais desejei sentir.
Mas, vem desembestado e me fere
No corpo, na alma e na inspiração.


-Helena Frontini-

terça-feira, 24 de janeiro de 2012



Antecipação...


Tu fostes embora e eu fiquei...
O mundo não se acabou, como pensei
E tudo continua igual, fora de mim.
As mesmas flores decoram o jardim
A mesma vida, nasce, cresce, envelhece
Sob o mesmo sol que reluz e anoitece.


Meu coração pulsa fora do compasso
Agitado, à espera dos teus passos,
Enquanto os olhos vertem gotas irizadas
prenhes de saudades, não lapidadas.
Abdico do tempo que me foi dado
para reencontrar-te, meu bem amado.


-Helena Frontini-


Moto - contínuo


Não é pelo fato de eu me anular
que o resto do mundo hesita comigo
Lastimando meu ato de rejeição.

Tudo segue célere, seu rumo definido
enquanto me visto de autocompaixão
Prossegue a roda da vida a girar.


-Helena Frontini-

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012



Sempiterno


Passa o tempo no caminhar das horas
levando a juventude a beleza e a graça.
Mas, o amor que sentimos e nos enlaça
permanece atemporal e é sempre agora!


-Helena Frontini-


Gênese


Amor, meu grande amor, ouve meu coração:
Bate célere, agitado, como se fosse voar.
Põe tua cabeça em meu peito e me adivinhe
com calma e acalma o frenesi desta emoção.
Cala a voz do meu anseio com beijos fecundos
e dá-me teu ar, para que eu possa respirar.

Entra em minhas entranhas e aí se aninhe
como se fossemos um só corpo gemelar...
Um só frêmito que nos arrebata do mundo.


-Helena Frontini-


Presente de Natal


Já escrevi minha cartinha para Papai Noel
Sem querer nada exagerado ou oneroso
para não sobrecarregar o bom velhinho.

Apenas a palavra AMOR enchia o meu papel
e como sei o quanto é delicado e bondoso
Vai dar o que pedi, ao menos um pouquinho!


-Helena Frontini-


O mundo lá fora...


Resguardei meus sonhos em trincheiras
Como se alí estivessem em segurança.
Não imaginei suas pretensões aventureiras
Desejo e liberdade em íntima aliança.


Pelas frestas agitam-se, pássaros frementes
Ante o mundo que proclama interação.
Encho o peito e num suspiro condescendente
Abro a guarda e solto-os sem direção.


-Helena Frontini-


O rio e a pedra


Toda placidez vem do teu rio que me acolhe
Densa corrente, esmerilhando dor e desdita.
Tua energia que invade, pura e energizante
Inundando a pedra seca da minha vida.

Dá-me tua mão, líquida concha borbulhante
Mas, deixa-me sorver até o último gole.


-Helena Frontini-


Modus operandi


Tento ser leve como borboleta
Ao adejar por este amor sem me iludir.
Sei que seu intento é ter-me cativa, me dominar
Sufocante prisão que vai me consumir
Batendo-me nas paredes, lapidando minhas asas
Até que eu não possa nem esvoaçar.


Amor não é servidão, meu rei obstinado!
Se enclausuras o ser amado, não sabes reinar
E me obrigas a voar em outra direção.


-Helena Frontini-


Dia de consciência é todo dia...


Não deveria existir uma data evocando a consciência negra,
ou a consciência branca, vermelha, amarela, marrom...
Pois a irmandade entre as raças deveria ser encarada como devoção.
Racismo e segregação, foram criados pelo homem e sua leviandade
Desfazendo as leis de um Deus, onisciente, amoroso e justo.
Que cada um faça a sua parte erradicando esta chaga aviltante
Para que num futuro bem próximo, todo sejamos irmãos.


-Helena Frontini-


Elementos


Tu chegas envolto em fogo e lava
Trás nos olhos uma lua escancarada
Nos lábios o gosto de mel e sal.
Teus cabelos são crinas tremulantes
Num corpo rijo como o cristal.
Mãos que deslizam orvalho e néctar
Na terra fértil da amada.
Entrelaçam-se trepadeiras ululantes
Espalhando esporos pelo ar.


-Helena Frontini-


Amar, nunca é em vão!


Tudo o que se faz por amor e com amor é perfeito.
Quem ama encontra o seu modo e seu jeito
de ser feliz e demonstrar o amor em cada momento.
Dure o tempo que durar é o amor que nos dá alento
e mesmo que termine em mágoa ou resignação,
ainda assim sua marca é indelével em nosso coração.


Não fuja do amor, por medo de se desiludir ou sofrer,
pois sua força é tão nobre que nunca irá se perder.
Ame da sua maneira, aquela que se faz única e especial
E sinta que amar e ser amado é um dom celestial.


-Helena Frontini-


Saciedade


Deste amor extraio o pão e o néctar
Nutro a alma e saboreio o céu.
O corpo farta-se do etéreo manjar
Da paixão que sabe a sal e mel.


Sacio fome e sede de fantasia
Das palavras com que me alimento.
Basto amor que é carne e poesia
E fartamente me dá sustento.


-Helena Frontini-

Eis-me aquí, nesta praia vazia
Absolutamente fria e só.