terça-feira, 29 de dezembro de 2009



Sincretismo

Todo inicio de ano,me visto de branco e tenho rituais.
Fico cheia de intenções e planos que espero sejam alcançados.
Apego-me aos Santos e às supertições.
Na carteira guardo sete sementes de romã para que não falte dinheiro e pão.
Pulo sete ondas pequenas e ofereço flores à deusa do mar.
Acendo sete velas na igreja perto de casa e não deixo de comer sete uvas à meia noite,
enquanto pipocam os fogos de artifício.
Enrolo meus desejos de ano novo em papel virgem e os guardo junto à medalha,
de Nossa Senhora Desatadora dos Nós,que tenho na bolsa.
Esperando que tudo se cumpra e prospere.
Todo fim de ano me decepciono um pouco.Poderia ter sido melhor,ter ajudado mais,
Ter sido menos voluvel e mais amorosa...
Meu Deus!Como é dificil cumprir promessas.Mas,continuo tentando.Tente,também!


[b]-Helena Frontini-
(Pres.aut.)


Tenha um feliz e próspero Ano Novo!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009


Vade-Retrum


Fica decretado, jurado e sacramentado
Por este meu coração tolo e desavisado
Que à partir do momento em que desertastes
Todas as promessas e juras serão incineradas
Em cerimônia fúnebre,sem honra alguma.
Até a sombra de tua fumaça se perderá no ar
Misto de cinza,de fel e de lava.
Rei morto sem a coroa que nunca tivestes.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

domingo, 27 de dezembro de 2009


Amor distante


Longe pode ser um lugar bem perto
Para dois apaixonados.
Se este sol que te aquece e acaricia
É o mesmo sol que me incendeia.
Se esta lua de fases que te fascina
É a mesma lua que me deleita.
Se as flores diferem em formas e cores
O olor inebriante torna-as iguais.


Nosso chão é único,apesar de distante.
Pisamos a mesma terra, farta e fértil.
A aurora,o entardecer, as estrelas do céu,
O verde e o azul das matas e águas,
Tudo é comum a nós dois.Tudo!
Neste país chamado amor...
Longe pode ser um lugar bem perto,
Para dois enamorados.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sábado, 26 de dezembro de 2009



À moda antiga


Quero um amor daqueles de antigamente
Sem pejo de se mostrar livremente
Com serestas modulando a madrugada
Versos amorosos, a voz embargada
E lindas trovas a me encantar.


Não me importo que acorde todo mundo
E o cachorro do vizinho uive junto...
Quero abrir a janela e ver o meu amado
Galanteador, intrépido e alvoroçado
Olhos de estrelas a me facinar.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

terça-feira, 22 de dezembro de 2009


Natal de todo dia...


Natal, festa do Amor e da Natividade
Quando os corações se enchem de luz
Festejando com alegria e fraternidade
A vinda de nosso irmão amado,Jesus

Todo ano ele nasce em nosso interior
Desejando ser parte de nossa história.
Não só no dia dedicado ao seu louvor
Mas,eternamente para nossa glória.

Que este não seja só mais um dia
Em que festejamos seu nascimento
Sua luz Divina, que do alto se irradia
Não deve se finar no esquecimento.

O irmão que nossa alma acaricia
Nos quer a todo momento.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009


Medo de (a) mar...


Não sou o mar sem ondas que esperavas.
Há areia e correntes,chocando-se na vastidão
Na profundidade, há montanhas e escarpas
Abismos indevassáveis ocultos na escuridão.


Nunca soubestes navegar em meus mares.
Teu barco nunca tentou enfrentar os temporais
Fugias atordoado,no eterno medo de te afogares
Perdendo tua alma nesses segredos abissais.


Pressinto que nunca fostes bom marinheiro
E nada sabes das profundezas dos oceanos.
Preferes um lago calmo,manso e repousante


Com seu doce marulhar,límpido e hospedeiro,
Às aguas revoltas de meus sonhos e enganos.
Sou mar em fúria,melhor que fiques distante.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Menino passarinho


Dorme meu menino grande
Repousa tuas asas entre meus braços
Te cuidarei como se fosses um passarinho
Depauperado,caido do ninho...
O calor do meu abraço te guardará do frio
E da altura de tantos céus a te chamar.
No meu colo terás alento,apego,afago
E poderás sonhar serenamente.
Dorme meu menino grande
Tanto tempo esperei para te acalentar
Descansa por hoje, por esta única noite
Antes que voltes a voar.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sábado, 19 de dezembro de 2009


Bem vindo...


Meu irmão está pronto para o nascimento.
Desde sempre trago o ritual de sua chegada
A casa enfeitada,o presépio armado na mesa
Um pinheiro ornamentado de bolas e cores
Luzes tremulando no seu brilho mais profundo
E velas adormecidas,esperando ser acesas.


Espero sua vinda em pleno deslumbramento.
Esta criança especial que fará a diferença
Entre o antes e o depois de estar no mundo.
Hoje não vou olhar seu caminho de dores.
Só quero ter o milagre de sua presença
E enfeitar seu berço de flores.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009


Obsessão


Não sei te esquecer e isso me dementa
Minha mente traiçoeira,só te pensa...
Já tentei de todas as maneiras imagináveis
De meditação à promessas intermináveis.


Já me desgastei nos analistas mais seletos
Devassando meus segredos indiscretos.
Já tomei remédios,tarja preta,controlados
Com o risco de por eles, ter me viciado.


Já fui a todos os Pais de Santos e Orixás
Roguei aos deuses,devolvessem minha paz.
Pratiquei Yoga,Capoeira e Tai Chi Chuan
Talvez a concentração me tornasse sã.


Perguntei às cartas,aos buzios e ao I Ching
O porque da obsessão não sair de mim
Por fim, desisti assumindo que sou fraca
Não te esqueço e é isso que me mata.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009


Os dias não são iguais


Cada dia é único e pertence a si mesmo.
Olhar a manhã que nasce é um descobrimento
Uma fantasia descortinada por um unico olhar
Que também se modifica a cada amanhecer.
Nada é igual ao que foi ontem,nem mesmo nós
A agua corre e não volta mais à sua nascente
Assim como a vida,num constante fluir.
Tudo se esvai constantemente em mutação.

Ficar aprisionado ao que já foi é temerário.
O que ontem nos agradava,já não apráz
O que hoje é doloroso,amanhã será saudade.
Aceitar isso pode ser triste e arbitrário
Mas, a realidade é assim mesmo.
O tempo passa,escorre entre os dedos
Há que prender o dia e seus doces momentos
E os momentos em seu breves instantes


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Timidez


Quando mansamente adentro teu sonhar
Levo a delicadeza de asas de borboleta
Para em tua boca pousar um beijo carmim.
Mas,tu dormes e nem me pressentes...
Esse louco arrepio que te corre na pele
É meu adejar de asas mais sutil.
Não quero que percebas meu voejar.


Eu venho escondida, na calada da noite
Mariposa noturna e cheia de recatos.
Tenho medo que sintas meu amor em dia claro
E te assustes com o ardor que tenho por ti.
Entro então em teus sonhos mais ousados
E me mostro inteira e despojada
Para que devagar te acostumes a mim...


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

domingo, 13 de dezembro de 2009


Meu homem perfeito


Amo cada parte do teu corpo adorado:

Teu cabelo curto e generosamente grisalho,
Se desmancha e arrepia quando o espalho.

Teu olhar inteligente, tem pinceladas de mel
Numa doçura que sempre me leva ao céu.

Tua face, de pele dourada que me assanha,
Ao sentir a sombra da barba que arranha.

Tua boca de lábios firmes a se abrir de desejo
E teu hálito de menta que convida ao beijo.

Teu pescoço ativo que nunca está em dolencia
E teu peito de poucos pêlos e muita ardencia.

Tuas mãos acariciantes e braços de perdição,
Me envolvem em continuada rendição.

Tuas pernas de andar firme e suave gingado
E teus pés,limpos,belos e bem cuidados.

Finalmente,amo o teu centro que me alucina
E me queima inteira se te aproximas.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Até quando?


Eu sou a bela adormecida dos contos de fadas
Há tanto tempo dormindo nessa caixa dourada
À espera do principe gentil, generoso e castiço
Que num longo beijo destruirá este feitiço.


Tenho mil anos e sinto que não tenho futuro
Pois o tempo esqueceu-me neste lugar escuro.
O principe demora,não me acha ou se perdeu
Espero ansiosa o beijo que nunca me deu.


Talvez, nossos caminhos se cruzem, um dia
A esperança deita comigo, me faz companhia.
Ele não sabe por onde começar a jornada
E eu não sei aonde fica a estrada.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sábado, 12 de dezembro de 2009


Remendos remediados


Vou sumir com minha modesta roupagem
Este amarrado de fios que me recobrem
O pano que me deram já se faz encardido
Todo o meu corpo repele o que é cerzido.


Há tantos pontos costurando a vestimenta
Disfarçados no atavio que me ornamenta
O esgarçado com intenção de ser mudado!
Quero roupa nova revestida de dourado.


Com um tecido aéreo que não me prenda
Bordado a pérolas e da mais pura renda
Cores etéreas num explendor de princesa,
Avatar sensual de eterna chama acesa.


Não suporto esta prisão de mesquinhez...
Amo ouro e brocado e me visto de xadrez!
Que insensatez!


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009


Paixão


Quando te enlaço nesse laço apertado
Teu corpo se cola e se enrosca no meu.

Cada poro e fio de cabelo misturados
Numa urgencia que jamais se perdeu.

Nossa sombras se espalham no chão
E nosso corpo siamês,arde e desmaia,

Na lassidão que nos deixa prostrados.
Nos separarmos por pura exaustão...

Acabamos tão unidos que já nem sei
Onde começa voce e onde termino eu.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009


Dimensões


Se o meu choro pudesse lavar a minha alma
Ela seria tão cristalina como um espelho.

Se o meu pesar pudesse ter medida de valor
Ele teria a dimensão de mundos em caos.

Se meu arrependimento pudesse ser julgado
Ele traria a medida do juizo final.

Se minha dor pudesse ter a doçura do perdão
Ela faria chorar o universo inteiro.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Prece ao Deus interior


O sol se derrama luminoso sobre a cidade

Nenhuma nuvem no azul claro e perolado.

As maritacas conversam no meu telhado

Numa algazarra, alegre e alvoroçada.

Abro os olhos e a janela para a claridade

Inundando o quarto de cores douradas.

Em silencio, levo a Deus, meu pensamento

Agradecendo a vida que me é destinada.

A magia de estar aqui neste momento

E ser parte da manhã ensolarada.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009


Superstar


Tudo o que é mediano me aborrece.
Gosto de vulcões em atividade
Mares em fúria e tempestades.
Tenho horror a coisas vagas
Palavras incertas, mentes fechadas
Prefiro livros abertos e bocas caladas
A ouvir sandices e disparates.
Não me tragam comida insossa
Nem adocicada em demasia.
Quero o fervente,o amargo,o ardido
A ter o mesmo gosto todo santo dia.
Sou coerente em minhas atitudes
E não me privo do que me engrandece.
Se desejo estar no alto como estrela,
Porque me contentar em ser vagalume?


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)


Porto Seguro


Traga o brilho de teus olhos,quando vieres
Estou precisada desta luz que me alumia
Barco sem porto lançado às interpéries...
Aguaceiros já me afogam em nostalgia


Tua ausencia se avoluma num crescente.
Meu rumo se tornando impreciso e vago
Precisa da direção concisa e competente
Do faroleiro que me acende de afago


Deixa-me aportar na tua vida docemente
Amarrada firmemente neste cais amoroso
Não me recuses a ancora dos teus braços
Ou soçobro neste mar tão revoltoso.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

domingo, 6 de dezembro de 2009



Rituais dominicais


Hora do almoço meu pai deixava a roça de lado
Pegava num banquinho capenga e todo gasto

Do alambique retirava um copinho de bagaceira
E sentava à sombra do velho pé de laranjeira.

Nas mãos,o fumo de corda e o canivete sem fio
Enrolavam um cigarro de palha longo e esguio.

Seus olhos azuis misturados ao verde do mato
Mais o cheiro de terra combinado ao do tabaco.

Fumaça espiralada e o pensamento perdido
Sabe Deus onde... Não podia ser interrompido.

Ensismesmava até dar fim ao pito e à bebida
Depois voltava em silencio para repor a vida.

Nunca soube onde ia nos domingos que fugia
E entrava nesse mundo que não me incluia.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sábado, 5 de dezembro de 2009



Poema de areia


Minha poesia por vezes se mostra ausente
Vazios inesperados me tornam impotente.

As palavras se amarram num laço estreito
Clamando pulsarem num verso perfeito.

Habitam desertos na casa da inspiração
E ela foge humilhada, de indignação.

Sem prenuncio surge um vento daninho
Varrendo a poesia de meu caminho.

E nada me ocorre e tudo se encalha
Ante a aridez que em mim se cala.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Proibido...


Enfim,declara-se o momento esperado
Cala-se o amor que deu todo errado.


Prendo o sonho num aperto concreto
Envolto num véu totalmente incerto.


Os olhos de constatação, abismados
Retêm o segredo jamais revelado.


Guardado em nosso mundo instável
Dormitava um sismo imensurável.


Tantos desejos envoltos em clausura
Dois perdidos nesta noite escura.


Restou apenas esta saudade atrós
De um tempo abreviado por nós.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009


Flor esquecida


A flor que um dia tirei de tua cabeleira
Fechei num livro de poemas a te lembrar
Poemas de amor tão inebriantes
Como o teu perfume há tanto evolado.

O tempo passou e perdi-me de ti.

Hoje,achei o livro e a flor prisioneira...
Encontrei-a quase a se desmanchar
Presa num verso despudorado.
Não me lembro porque a guardei ali.

Talvez, para secar.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009


Pane mental...


Estava quieta tentando me inspirar.

E logo vieram fantasmas a me assombrar

Batendo palmas e contando piadas

Enfiando minha poesia numa caixa lacrada.

Pobre de mim à merce de suas risadas...

Não me presto mais a estas charadas

Quero sossego e não esta arruaça

Tornando meu poema pobre e sem graça.

Voltem a seu castelo sem imaginação

E procurem lá por sua redenção.

Criação é coisa séria, se querem saber.

Vou me desligar...Preciso escrever.

Sem distração!


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

terça-feira, 1 de dezembro de 2009


Vida


Orvalhada pela madrugada
Enfeita-se a rosa
Trêmula e alvoroçada.
Milagre pleno a desabrochar
No limite que lhe é dado:
Curto, breve, bravo
Inteiro.


-Helena Frontini-

Rebeldia


Estou indo embora de mim...
Todos os dias abro as asas revoltas
e ensaio um voejar improvisado.
Ansia incontida por mundos sem fim
Em busca do sonho destronado.


Falta-me espaço para planar.
Tudo aqui remete ao caos impreciso.
As asas clamam por estarem soltas
No convite que conduz ao paraiso.
A mulher pássaro vai voar...


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)