terça-feira, 24 de maio de 2011


Tua presença...


Chegastes numa manhã triste e enevoada
Trazendo a luz que teu olhar irradia.
Gritou meu nome, aos brados, na estrada
E foram sinos anunciando um novo dia.


Entrou em minha vida como um pé de vento
Desses, que vão tirando tudo do lugar.
Levou para longe minhas culpas e lamentos
Sobrando no peito, espaço para amar.


A doçura do teu abraço, abraçou meu mundo
Colorindo o deserto que me confundia.
Não me abandones, nem por um segundo!
Razão e emoção que me dá valia...


-Helena Frontini-

Encantamento...


A felicidade entrou em minha casa
Sem alarde, veio fazer-me companhia.
Trouxe na bagagem apenas o amor
Que iluminou todos os espaços
Vibrante como o sol que se anuncia.


Vou enfeitar de flores nossos dias
Coroados de magias inusitadas.
E pedir-lhe que fique ao meu lado
Dedilhando em mim hinos de louvor
No timbre doce de sua alegria.


-Helena Frontini-

quinta-feira, 19 de maio de 2011


Renovação


Vou cuidar melhor da minha vida
De meus afetos, de meus sentimentos.
Uma magia toldou-me a consciencia
Encantamento que me fez entorpecida
Desatenta aos preceitos do amor.


Meus bens são preciosos em demasia
Para serem trocados por ilusão
Como emoções desprovidas de valor.
Venha Luz, inebriar-me de alento
Renovando a paz de meu coração.


-Helena Frontini-

Bodas de prata


Com emoção comemoramos nossas bodas de prata
Vinte e cinco anos do sonho que sempre quisemos.
Laços sublimes repletos de bençãos e graças
Que hoje, contritamente à Deus, agradecemos.


Sempre unidos nos esmeramos na caminhada
Enquanto o tempo ia ligeiro sem o percebermos.
Os altos e baixos que surgiram na jornada
Nos tornaram cúmplices no pacto que fizemos.


A vida nos quis eternamente de mãos dadas
Com o mesmo amor de quando nos conhecemos.
Hoje, derramam-se dos céus, luzes prateadas
Abençoando os anos felizes que já vivemos.


-Helena Frontini-

quarta-feira, 18 de maio de 2011


A hora certa...


É noite, outra noite insone a me envolver
Pergunto à minh'alma solenemente atenta
Qual a hora certa em que virá o esquecimento.
Será que vem num ímpeto esvaziando o peito
como um balão estourado por mão caridosa
Ou vem devagar como um rio que mansamente
Corre entre as pedras miúdas do meu tempo?


A noite segue seu itinerário sem perceber
Que em mim tudo está singularmente diferente.
Exaurido do sonho diário que não mais aflora.
Só eu sinto a dor que se avoluma e se enrosca
E pousa a cabeça em teu travesseiro.
Qual a hora certa em que virá o esquecimento?
Não sei e não há quem possa me dizer.


-Helena Frontini-

A chegada


Hoje não é apenas mais um dia
Desses que lembram cinza sem graça.
A felicidade veio me fazer companhia
Colorindo a manhã de ouro e prata.


O amor chegou trazendo a alvorada
Acordou-me com a música do seu riso.
Deixou portas e janelas escancaradas
Apaixonado e um pouco sem juizo


No jardim colheu flores em braçadas
Acendeu o sol da harmonia bendita
Em seu coração me fez aconchegada
Súdita e rainha em sua vida.


-Helena Frontini-

Terminal


Hoje quando penso em ti são vestígios
Rastros de teus passos, restos e resquícios.
Aquele amor ardente repousa em negrume
Indefinível flor que mal exala perfume.


A tua ausencia não queima, nem perfura
Deixou de ser instrumento de tortura.
Minha dor aquietou-se à tua sombra
E na sombra ficou, adormecida e tonta.


Como uma mariposa de asas queimadas
Pela chama que outrora viu-se encandeada.
Não te esqueci, mas guardo-te sem aflição
Um sonho a mais perdido no coração.


-Helena Frontini-

Laços eternos


Eu te amo com um amor antigo
Quando me trazias atada a um cordão.
Era tua a comida que repartias comigo
Pelo tempo que durou a gestação.

Eu te amo no primeiro choro uivante
Onde, num hausto abriu-se um clarão.
Tuas mãos temerosas e exitantes
Acalmando os medos com mansidão.

Eu te amo desde que me destes o seio
Túrgidos no ardor da amamentação.
Os braços quentes de amparo e esteio
Olhar amoroso velando com atenção.

Eu te amo antes de nascer, mãe querida
Antes do momento da concepção.
Fui destinada a ser parte de tua vida
Pelo Sagrado que anunciou nossa união.


-Helena Frontini-


Tu vais saber...


Quero escrever-te palavras que não costumo
Deixar que bailem em meus versos tortos
Tirá-las maduras do casulo soturno
Onde repousam em meu silencio absorto.


Quero envolver-te numa poesia verdadeira
Aquela, que amantes revigoram-se ao ler.
As emoções incandescentes setas certeiras
Que atinjam o âmago do teu ser.


Quero encantar-te com um amor poetisado
Sem meios-termos, à ponto de extravasar.
Não direi teu nome, pois que me é sagrado
Mas, tu vais entender e talvez, chorar...


-Helena Frontini-

A primeira vez...


Trago sempre comigo, certo sonho pueril
Aquele que em algumas tardes mornas
Agitava, qual vento doce a paz de meu coração.
O garoto que me olhava de soslaio pelo gradil
E deixava bilhetinhos na carteira da escola
Com desenhos e palavras coloridas de emoção.
Achando que seu anonimato fosse esconder
O nome de quem me amou a primeira vez.


Eu, em minha infantilidade repleta de pudor
Nada entendia do amor, uma flor ainda em botão
Sentia vergonha por estar assim, enamorada
E escondia a afeição que ameaçava florescer.
A insegurança deixou em suspenso a terna ilusão
E o silencio desarmou e afastou nosso querer.
Até hoje relembro este sentimento encantador
Meu saudoso ritual amoroso de iniciação.


-Helena Frontini-

Mãos de artista...

Tuas mãos possuem a arte eloquente
De um escultor que a tudo se atreve
Um dedilhar afinado e irreverente
Se em minha pele o cinzel, descreves.

Adejam quais borboletas flamejantes
Nos esporos entreabertos ao teu visgo.
Esvoaçam por sobre grutas e montes
Atrevidamente, provocando-me o riso

És pintor aspergindo tintas cambiantes
Que colorem meu corpo de emoção.
Pinceladas aleatórias na tela fremente
Maestria sensual de tuas mãos.

-Helena Frontini-

Procurado...


Onde o amor que juravas a todo momento?
Perdeu-se de nós como o dia que adormece
Indo acordar do outro lado do mundo.
Caminho errante à procura de tuas palavras
Que ainda fazem vibrar meu sentimento.


Se ao menos o eco as devolvesse.Mas, não...
O amor que me tinhas, some, desvanece
Como gota misturada ao mar profundo.
Esconde-se débil em todos os quartos e salas
E talvez, encontre-o morto no porão.


-Helena Frontini-