quinta-feira, 29 de abril de 2010
Prazer solitário
Sei estar sozinha num tempo que é só meu.
Os olhos pousam deliciados em coisas amigas:
O doce aroma das flores, arrumadas na jarra
Meus quadros e livros, limpos e arejados.
A poltrona em que escrevo, quase velharia
Desbotada pelo sol de cada verão.
Uma caneca de café fumegando na sala
Junto aos cadernos e lápis, meus conhecidos.
O silencio envolve minha mente em poesia
E com prazer encontro a inspiração.
-Helena Frontini-
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Credulidade
O amor tem a capacidade de reinventar a realidade.
Uma vez acreditei que meu mundo cabia neste amor idealizado.
Meus olhos foram cegos ou não quiseram ver
A fantasia que me iludiu...
Quantas decepções pode suportar esta meiga flor?
Muitas, algumas, todas, tantas, nenhuma!
Ela não resistiu...
Foi apenas mais uma flor que se enganou.
-Helena Frontini-
terça-feira, 27 de abril de 2010
Em nome do amor
Fale-me de amor quando a lágrima se derramar
Olhos aprisionados no passado distante.
Suas palavras são bálsamo em meu caminho
Flores germinadas de sua devoção.
Fale-me de amor quando a tristeza escravizar
Esta mente desprovida de amizade.
Sua ternura faz aconchego em minha alma
E seu riso me colore de emoção.
Fale-me de amor quando eu mais necessitar
Não me tire a poesia de sua presença.
Sua inspiração é minha flor mais preciosa
Seja o poeta do meu coração.
-Helena Frontini-
Muito prazer...
Não me queiras perfeita,pois isso eu não sou!
Tenho momentos,como qualquer mortal...
Sou ciumenta, insegura, possessiva, cativante
Por vezes, distante, incontrolável, abissal.
Sou carinhosa, desastrada, meiga, inteligente
Possuo qualidades acima do normal.
Sou linda, atraente, mimada e me descabelo
Tenho riso franco, chôro fácil, olhar fatal.
Sou carente, desbocada, boba, intransigente
Amante, amiga, decidida, um coração leal.
Não me queiras perfeita,pois isso eu não sou!
Mas...Como eu, não verás outra igual...
-Helena Frontini-
domingo, 25 de abril de 2010
Desolação
Seu amor foi como tempestade de verão
Carregada de ventos e raios de emoção.
Num repente mudou todo o seu itinerário
Deixando-me neste inverno solitário.
Eu deveria imaginar que é assim a paixão
Um raio que não dura nem uma fração
Vai queimando em seu equilibrio precário,
Embalando a alma num céu imaginário.
Sentimento que nasce e morre sem razão
Deixando um rastro de devastação.
-Helena Frontini-
Medo
Tenho medo quando pressinto a tua ausencia
Tua voz emudece e teu olhar fica distante.
Foges para um mundo indevassável e abissal
Onde os sonhos valem mais do que eu.
Não sei onde teus olhos vão nesses instantes
E que paisagens envolvem esta distancia.
Depois regressas, do fantasioso ao presente
Tua alienação pousada no mundo real.
Tenho medo que um dia não voltes a ser meu
E as asas do sonho te levem para sempre.
-Helena Frontini-
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Servidão
Não me reconheço, parece que me desfaço.
A vida me leva em sua bandeja de dores
Meu ego, servido como prato principal.
Contesto meu proceder, meus atos e falas
O todo se afasta, resvala e se espalha
Como se fosse normal...
Cansaço na alma e no corpo.Cansaço
De desejar, desanimar e querer outra vez.
Vou rever valores que me são indigestos
Um prato comido sem fome e sem vontade.
Penso demais e sempre me calo
Como se fosse normal...
-Helena Frontini-
Sonhos...
Quero a doçura de uma vida simples
Cuidar dos filhos,da casa e das flores.
Uma horta de temperos e verduras
Com tempo de amar,tratar e observar
As estações que mudam devagar.
Ter a mente clara e sem torpor
Um corpo cuidado sem ostentação.
Uma casa no campo,uma nascente
Onde a vida escorre lentamente
Como água em minha mão.
De tardezinha esperar na varanda
Os olhos em paz,o rosto lavado,
Que com o último raio de sol
Retorne o meu amor.
-Helena Frontini-
terça-feira, 20 de abril de 2010
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Enquanto a música durar...
A música embala baixinho, em tom gutural
Meu corpo moldado no vazio das esperas.
A vida derrama-se de meu ventre letal
Revolvendo fantasias e quimeras.
Chegue perto e sinta o eco de meu coração
Célere, com o vigor de quem vai embora,
Escapar do peito, deste peito sem emoção
Onde tudo mofa,adormece,embolora...
Hoje, esta lenta canção me acompanha
Ardendo na alma sua tristeza sem fim
Olhos semi cerrados, como quem sonha
Que o mundo inteiro chora por mim.
-Helena Frontini-
domingo, 18 de abril de 2010
No reino da fantasia...
Vem, desbravar este meu mundo irreal
Tirar de mim as asas da fantasia.
Sou a princesa à espera do valente cavaleiro
Cinderela emaranhada nas longas tranças
Velada em leito perfumado de flores.
Donzela presa na floresta densa e sem fim,
À merce dos lobos, dragões e feiticeiras
Ganhando maçãs envenenadas...
Vem, ser meu principe há tempos, sonhado
Acordar-me com teu beijo de ousadia,
A lança afoita a me guardar sem temores
Dos monstros que habitam em mim.
Vem, criar-me um novo conto de fadas
Com final feliz.
-Helena Frontini-
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Lux
Amor, esta chama brilhante e clara, invade corações brutos e avaros.
Retira o escudo do medo e da covardia e dilata a alma até que vibre e pulse
Como uma harpa afinada e especial.
Se há escuros na mente louca ou vazia, aflora com delicadeza sua entrada,
Semeando flores onde há devastação. Nada do que é humano ou desumano
Consome este fogo sagrado.
Amor não é invenção,magia que seduz. É presente Divino a ser aceito e usado
Com respeito, persistencia e veneração.Tudo vinga nesta perfeita harmonia
O universo criou-se desta luz.
-Helena Frontini-
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Meu dengo
Esse teu chamego é feito de pele e odores
Membros unidos na dança atrevida.
Cativa-me o teu doce molejo de langores
Onde pudores desaparecem no ar.
Tens a forma ideal que meu corpo necessita
Inteiro amoldado em tua mão.
Desmancho-me aos sons de teus ardores
Melodia ousada a me enfeitiçar.
Encontro o prazer de tuas notas ardidas
E vibro no balanço desta canção.
-Helena Frontini-
Ausencia
Penso em ti, quando o sol derrama-se delicado
Beijando minha pele clara.
Penso em ti, quando a brisa me toca perfumada
Lembrando teu gosto raro.
Penso em ti, nas tardes que passam demoradas
Saudades de teu corpo quente.
Penso em ti, nas noites insones e mal amadas
Teu vulto desfeito ao luar.
Penso em ti em meus sonhos mais alucinados
Única maneira de te encontar.
-Helena Frontini-
segunda-feira, 12 de abril de 2010
domingo, 11 de abril de 2010
De cara pintada
Sou dura. É o que dizem de mim...
Quem me vê linda e confiante nem imagina
As dores secretas e os olhos ardidos
Escondidos pela maquiagem.
Meu porte altivo e as palavras cáusticas
Disfarces encobrindo toda emoção.
A máscara que me coube desde a infancia
Grudou-se e não sai com lavagem.
Certa vez,deixei-a cair e me doei inteira
A um amor que pensei fosse constancia.
Mostrou-se fraco, tolo, sem coragem
Mais falso do que minha máscara.
Sigo atraindo admiradores e invejas
Sem me entregar à paixão e à voragem.
Sou dura. É o que dizem de mim...
E com toda a razão.
-Helena Frontini-
Recuperação
O silencio mostrou-se como um lenitivo.
Fico só, lambendo minhas feridas
Em companhia da natureza que me refugia.
Meu olhar distante procura certo alento
Nas flores, no voo das aves, no sol,
No rio que segue sempre, no vento...
Uma névoa ensombrou meu ideal.
Sonhos perdidos,o coração despreparado
Para o sofrimento e o desamor.
Não sei como reagir nem mesmo pensar.
Preciso de solidão e calmaria,
Gerada dentro da alma e não fora,
Em becos e ruas sem saída.
Sofro e ninguém pressente minha dor
Espero, em meu tempo de esplim...
Retorno quando me achar
E souber o que fazer de mim.
-Helena Frontini-
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Solidão
Abraça-me forte, não me deixe só desse jeito
Buscando sòzinha uma pretensa salvação.
Há um vento invernoso minando nosso ardor
Relegado ao vazio da incompreensão.
Nosso sonho irreal, desfeito em meios-termos
Sem arroubos, gestos pobres, mornidão.
Pobre amor carente de ousadia para se firmar
Coragem que não vinga nesta lassidão.
Anseio teu abraço na esperança que venhas
E não me dás nem mesmo a mão.
-Helena Frontini-
A liberdade do amor...
O amor foi visto em uma campina distante
Brincando de roda com todas as flores.
Rindo,seu riso que iluminava o dia
Exultante de emoção.
Precisava de ar puro, sentia-se sufocado
No espaço apertado em que residia.
Um quartinho sem janela e embolorado
Adormecido num catre, no porão.
Enfraquecido por desusos contantes
Pouco a pouco desfalecia...
Num dia de distração,viu-se livre e fugiu
Lépido e faceiro gritando ao vento:
_Num coração assim fechado,
Não fico, não!
-Helena Frontini-
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Ao amor que vai chegar
Meu corpo é chama acesa e delicada
Inquieta e trepidante a te buscar.
Acordo e já me vejo ansiosa e ardente
A espera deste bem que vai chegar.
Minha pele vai ser quente em sua mão
E cada poro lateja em expectativa.
Não prolongues a aflição.
Tenho flores espalhadas ao meu redor
Vinho e agua para que sejas bem vindo.
Meu abraço só deseja te enlaçar
Envolvendo nossos corpos em sedução.
Ouço passos e te escuto, rindo...
O amor veio, abrindo todas as portas
Chegou enfim, para me amar.
-Helena Frontini-
Louco, louco amor...
Por voce, me abandono, me ato, me enlaço
Em sua teia de ardores.
Por voce, me visto, me dispo,me acho
Em seu corpo de sabores.
Por voce, me encanto, me adoço, me espalho
Em seu gosto de flores.
Por voce, me abandono, me sinto, me calo
Entre seus cobertores.
Por voce, me queimo, me abraso, me ardo
Em seu leito de amores.
-Helena Frontini-
terça-feira, 6 de abril de 2010
Eterna melodia
Em tudo há música, cor e perfeição
E devemos criar a nossa própria melodia.
Mesmo que desafine e não hajam aplausos
É a sinfonia que havemos de reger.
Maestros indecisos,vacilantes e incertos
À procura da graça de aprender.
Nossa alma,instrumento de sons raros
Anseia por sensibilidade e salvação.
Não importa a nota, o tom, a clave musical
O ritmo é que não se deve perder.
-Helena Frontini-
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Nos tempos de minha avó
Era moça de família, criada no interior.
Namoro, só na sala junto com o caçulinha.
O pai queria jantares com toda a familia
Para conhecer a índole do namorado.
Dez horas era o limite da volta ao cinema
Sem tempo para um sorvete na praça.
Um beijo roubado, durava segundos
E a mão boba tocando o seio de raspão
Vibrava no corpo como bomba relógio
Prestes a explodir de emoção.
Eram tantos cafèzinhos e suspiros fundos
Que o jeito era casar ou desistir de vez
Desanimados por tanta proibição.
No fim,tudo deu certo e tocaram a vida
Até que a morte os separasse.
Nunca soube se foram felizes de verdade.
Ela nunca falava sobre isso...
Segredos do coração.
-Helena Frontini-
sexta-feira, 2 de abril de 2010
Inri
Jesus Nazarenus rex Judorum
Este homem alvo de tantos vetos e horrores
Coberto de glórias e despido em desdém
Traçou seu caminho crivado de dores
E preceitos humanitários soprados do além.
Pregou a justiça eterna e a palavra de luz
Entre mãos que o confortaram e vilipendiaram.
Por tanto amar seguiu seu roteiro até a cruz
Imbuído de ideais que não se abalaram.
Envolto na complexidade de sua imagem
Clemente, mesmo aos que o destronaram,
Volta ao poder que lhe deu corpo e coragem
Onde Divino e Humano se cruzaram.
-Helena Frontini-
Viagem astral
Meu corpo paira acima de mim enquanto durmo
Mais etéreo e fluido que este corpo de pesos.
Um ser astral se alteia de meus sonhos
Decifrando mundos descortinados das alturas.
Amplitude ligada a tênue fio prateado
Unindo dois corpos em comunhâo perfeita.
Um dorme, enquanto o outro se atreve, liberto.
Pássaro incomum de luz e brilho
Com desejos de voar.
-Helena Frontini-
quinta-feira, 1 de abril de 2010
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