domingo, 31 de janeiro de 2010



Ultimato


Deixa cair os teus véus e mostra-te inteira
Cansei de charminhos e dualidade,
Seduzindo-me para depois se arrepender
Como se eu fosse nada neste jogo abusivo.


Talvez aches que aprecio esta brincadeira
O gato que és tu e o rato que sou eu...
Vou dar-te um ultimato e será definitivo:
Ou vens sem mistérios para os braços meus
Ou vai-te embora com tua infantilidade!


-Helena Frontini-


Despedida


Descansa o meu amado no meio das flores
Brancas e amarelas, pálidas e sem cores.


Cálido raio de sol vem acariciar o seu rosto
Doce e luminoso ardendo um último fogo.


Bate em seus olhos e não encontra reflexo
Vai-se deixando um derradeiro amplexo.


Dorme o meu amado em sua cama dourada
Não sente o barulho da gente atordoada.


Deitado entre as flores que quase mortas,
Murcham entre as suas mãos postas.


-Helena Frontini-

sábado, 30 de janeiro de 2010


Incerteza


Meu amor não me queiras mal nem se entristeça
Se pareço ausente e disfarço o sentimento.
Quero-te ao meu lado, mesmo que não pareça.
Habita em mim o medo do sofrimento
E da entrega que se traduz em incerteza.


Sei que me agradas e supres minha carencia
Com uma paixão constante e sensual.
Teu carinho é um rio amoroso de paciencia
E sei que vais afogar este temor irreal
Tornando-me a mulher que tanto desejas.


-Helena Frontini-

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010



Criancice


Hoje vou ser como uma criança assanhada
Pisar nas poças d'agua de sapatos novos
Perder a tiara enfeitada de pedrinhas
Sujar a roupa de bolinhas na lama do riacho,
Desmanchar as tranças grampeadas...


Hoje vou correr como um potro na campina
Provar as frutas que maduram no mato
Perseguir o sol e segurar sua claridade...
Quando cansar,deitar na relva verdinha
Beber o mel tirado do cálice da flor.


Hoje quero viver a magia dessa liberdade
Por um dia desfrutar este sabor
Amanhã volto a ser eu e minha sina.


-Helena Frontini-


Monstros


Não queira devassar o interior de cada ser.
São segredos guardados em poços fundos e remotos.
Feras aprisionadas em jaulas com correntes e cadeados
Contidas e por todo o tempo anestesiadas.
Não queira acordar aquilo que dorme quietamente
Nem saber os motivos e os porquês do sono.
Há coisas muito feias nos porões do esquecimento.
Melhor que descansem para sempre.


-Helena Frontini-

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010


Remember


Quando lembrares de nós que seja com apreço
Por tudo o que tivemos e já se perdeu.
A devoradora paixão e o constante desejo
Labareda fugaz que nos envolveu.


Quando lembrares de nós que seja com desvelo
Por todo amor que um dia esmoreceu
Desfeito nos fios embaraçantes do medo
Que nos atava e certo dia cedeu.


Quando lembrares de nós que seja sem apego
Nosso tempo passou e o sonho emudeceu.
Restou a doçura do antigo enlevo
Bela chama, que por uma vida valeu.


-Helena Frontini-

terça-feira, 26 de janeiro de 2010


Espera


Há dias em que me vem um cansaço
De esperar que voltes de onde estás.
Quero seguir meu caminho e me detenho
A esperança a gritar teu nome.
O tempo foge ligeiro com asas abertas
Deixa a saudade que nunca some.
E tu não vens, não ouves meu apêlo
Tal a distancia a nos separar.
Nenhuma alma na face da terra
Vem me dizer:
_Espera,ele logo virá.


-Helena Frontini-

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010


Sem saída


Nossos assuntos já se esgotaram
Só assistimos filmes reprisados
Os mesmos lugares nos reconhecem
Vivemos das migalhas que sobraram
Desse querer,que já foi inusitado
E hoje não passa de miragem.


Um amor que podia ter dar certo
Havia carinho,desejos e tantos planos
Silencioso vai morrendo de mansinho
Encolhido na rotina do quotidiano.
O desânimo transformou em deserto
As flores do nosso carinho.


Que pena, ficarmos entregues
Alheios ao marasmo que nos persegue.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010


Depressão


Porque eu permito que a tristeza me faça intocável
dessa maneira enervante e desastrada?
Sei que tenho o poder de criar os meios e fins
que me libertem desse jugo intolerável.
E no entanto, eu não faço nada!

Há certos dias em que o breu acoberta a luz
E vem a vontade de deitar nesse lugar escuro
e afastar até mesmo o que me seduz...
Colar o corpo num pedaço de chão,duro e frio
sentindo o gelo enbalsamar a alma...

Cultivar silenciosamente um espaço vazio,
onde o tempo adormece e se acalma...
E ficar assim, até que a dor se afaste.
Paralisada,contida, amorfa... como uma pedra.
Quieta...Esperando que passe.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010


Salvador


Percorria meu caminho de pó e decepção
Embalava na alma um gelo cruel e fino.
Pés e mãos machucados da jornada
A esperança encolhida no seu ninho...
Solidão, mãos dadas com meu destino
Poucas flores em minha estrada.


Eis,que sem cantos ou luzes,vem o amor
Trazendo canto e luz a todos os vãos.
De um golpe destruiu o que era daninho
E deu-me um jardim florido de suave olor.
Bendito sentimento a coroar meu chão.
Salvação de quem jaz sozinho.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Frustração


No instante em que cruzastes meu caminho
Minha alma reconheceu-te de imediato.
Senti a atração que nos uniu em outra vida
Arrebatamento de um amor sem fim.
Tudo recordei e fui atrás de ti e da magia
Buscando a certeza recém adquirida.


Teus olhos me olharam em desconhecimento
Sem possuirem a luz que me recordarias.
Passastes alheio sem notar minha presença.
Eu te reconheci...
Tua alma não se lembrou de mim.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010


Colagem


Não me trates mal pois sou de porcelana.
Peça rara e tantas vezes quebrada
Por quem desconhecia meu real valor.
Sei que me cuidas e me pões no pedestal
Deusa ornamental em seu reduto fixo.


Observo tudo com meus olhos de vidro
Paira o medo de me partir em mil pedaços
E nunca mais voltar a ser colada...
Até quando durará esta minha postura
Altaneira,apesar de toda remendada?
A próxima queda me porá no lixo.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010


Caras e cores


O branco da neve nos altos montes
O pão amadurecendo nos trigais.


O sol amarelo derrapando no oriente
O ôlho lembrando amêndoas doces.


O breu retinto da noite estrelada
O fruto escuro prenhe de seiva.


O vermelho maduro da pitanga
O melado que solta a cana doce.


O castanho, marrom, bege dourado
O leite achocolatado na caneca.


Todas as cores e raças misturadas
Na palheta que nos faz humanos.
Habitando esta terra de contrastes
Desejando o sonho que é de todos:
Vida decente e liberdade.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Revisão gramatical



Eu sei que na gramática


não se mistura voce com tu.


Mas, é tão gostoso dizer:


Voce é meu tudo,


e eu te amo meu amor.



-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sábado, 16 de janeiro de 2010


Fixação


Não me olhes desse jeito,que teu olhos
São mares enfeitiçantes de abrolhos.
Este breu veludoso explora meus sentidos
Me aprisiona neste chão desconhecido.
Não consigo me livrar desta atração
Estranho cativeiro atordoante de rendição.
Fico entregue e vencida de desejos
No instante em que me olhas desse jeito.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Feitiço



Se me fizesses uma canção de amor em noite de lua
E dedilhasses um violão em sons doces e acariciantes
Palavras sensuais cobririam a noite e arderiam na rua
Num desejo escondido e prestes a se revelar.



Se me fizesses uma canção de amor estonteante
E cantasses com voz rouca desafinada de emoção
Minhas flores te daria todas sem ao menos pensar
E a musica iria vibrar em nosso leito de paixão.



-Helena Frontini-
(Pres.aut.)


Indiferença


Tantos poemas fiz pensando em ti.Em vão...
Nunca soubestes interpretar corretamente
Palavras que nunca atingiram teu coração.
Passavas por minha poesia,educadamente
Indiferente que eras de minha adoração.


Tanto fizestes em tua ignorancia inocente
Que meu verso escondeu toda a emoção
E perdeu-se em teu silencio permanente.
Deixei de escrever-te sobre amor e paixão
Escondi de ti meu sentimento constante
E só te deixo entrever a fria razão.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010


Saudades


Há tanto tempo meu verso não paira em ti
Espontâneo, como antigamente...


Nossos caminhos tomaram rumos diferentes
Quando pensamos ser tão iguais...


O destino nos uniu e nos separou num sopro
Deixando um pó ardido e inclemente...


De vez em quando brotam algumas lágrimas
Meu olhar fica perdido e vacilante...


O sal seca em meu rosto e logo vai embora
E tua lembrança esfumaça de novo...


-Helena Frontini-
(pres.aut.)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010


Realeza rebelde



Risca o céu o raio em corisco. Rompe, rasga, rufa, retumba.


Recusa rédeas,cavalo rompante .Retira freios e ruge feroz.


Reverbera o martelo de Thor. Rudes negrumes se rompem.


Rindo arremetem em regozijo. Reino de aguas rebenta sem dó.



-Helena Frontini-
(Pres.aut.)


Segundas intenções



Hoje vou levar-te o desjejum na cama...
Café fresqunho,mamão, torrada com geléia
Suco de laranja e granola que tanto amas.
Uma rosa para enfeitar minha doce idéia.



Vais ficar tão alvoroçado com meu carinho
Me cobrirás de beijos e abraços e afagos
Enquanto a café é esquecido no banquinho,
Nos amaremos até o fogo ser apagado.



-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

domingo, 10 de janeiro de 2010


Alto risco


Joguei-me neste amor em queda livre
A doida que não usou o paraquedas.
A visão do alto é bela, inebriante
Anseio perder-me nesta imensidão.
Tanta intrepidez inexiste em mim
E ainda assim tudo arrisquei e ousei
Por essa liberdade estimulante.


O chão aproxima-se em dura realidade
Sei que vou estatelar-me lá embaixo,
Fazer-me em pedaços, desvanecer...
O desejo potente quer ser provado
A razão implora: Não se deixe morrer!


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Volátil


Quando lembro de ti é sempre noite.
Àquelas horas em que o sono se perde
Na escuridão profunda e aveludada.
Teu aroma se avoluma pelo quarto
Teu cheiro misturado ao do meu corpo:
Benjoim,almiscar.lavanda sazonada...



E tua imagem vem como num sonho
Totalmente distorcida e desfocada.
Há muito já te perdestes no tempo
De minha saudade e esquecimento.
Espectro vagamente recordado...
Só teu perfume insiste em me buscar
Nas minhas noites insones.



-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010


Mea culpa


As flores de meu jardim morreram todas
Por falta d'agua,carinho,paciencia...
Abandonadas no desleixo de maus tratos.
Descuidei-me em demasia de meus amores
Fui jardineira relapsa e imprudente
Olhos cegos de ver a beleza que me pertencia.
Até mesmo o belo se aborrece no fim...
Ervas daninhas acobertaram cada flor
Numa invasão silenciosa e mortal.
A incompetencia exterminou meu jardim
Dobram os sinos para o funeral.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010



Casa de marimbondos


Abriu-se a caixa de Pandora
E todas as iniquidades vieram à tona.
Sei que não deveria libertar segredos
Mas, atrevi-me a querer saber.
A curiosidade foi minha perdição,
E a tua e a de toda a gente.
Os pecados soltaram-se no mundo
Afoitos, afeitos, afetados, aflitos.
Quem os colocará de volta?
Esperança,Esperança...Fique comigo!
Meu coração chama-te e não me ouves.
Vagueia minha alma a pedir perdão
E não encontra resposta.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

Desanimante


De vez em quando o desânimo se achega
Me abraça apertado e se deita comigo
Cochicha em meu ouvido os meus atos ridículos
E depois dorme,deixando-me entediada.
Bate em mim um cansaço de tudo e de todos
De invejas, ciumes, intrigas, amores...
Vem a vontade de virar pedra ou musgo
Que se agarra na pedra para sobreviver,
Assim como me prendo na palavra e na poesia
E deixo que o resto se afaste ou se perca
No vazio que se torna viver.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010


Infrutífero


Sempre tive um modo especial de te amar.
O meu certo talvez te fosse desnorteante,
Assustador demais por entre tantas juras.
Dei-te o melhor,desnudando-me inteira
Não soubestes ver o desejo entonteante
Que não era de posse e sim de ternura.

Querias a liberdade de um amor casual
De festas, de risadas, de brincadeira,
Nada que comprometesse teu emocional.
Fui campônia sem valia a semear amores
Plantado em solo errado para vicejar
Numa terra onde nada cresce devidamente.
Não querias frutos,somente as flores.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

domingo, 3 de janeiro de 2010


Segredos de alcova...


Teu amor é um doce prazer a me fascinar
Neste querer maduro que me inebria.
Tua presença que me domina e contagia
Na vontade sensual de me aventurar.

Teu corpo bronzeado e de talhe esguio
Quando me abraça nos damos um nó.
Tuas mãos sôfregas me apertam sem dó
E mais te quero e menos me desvio

Desse abraço alucinante e sem freios...
Me achego, me encosto, me embaraço
No calor de teu peito.E me perco e me acho
Se teus lábios encontram meus seios.

Mais não digo que não permite a poesia
A devassar meus segredos e meu amor,
Por este homem que me consome de ardor
E a quem desejo dia e noite, noite e dia.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)

sábado, 2 de janeiro de 2010


Frutos dourados


Semearei meu amor em campos férteis
Terra boa, adubada de ternura e emoção.
Minhas sementes irão espalhar-se e proliferar
Na terra sagrada e abençoada do coração.
Não mais dispersas ao vento e dizimadas
Ou crescidas nas pedras da decepção.


Saberei escolher o solo propício e farto
Onde este sentimento far-se-á germinação.
Meus brotos surgirão cobertos de flores
Pomos sazonados que outros frutos trarão.
Não se perderá tão excelso sentimento:
Amor nunca nascerá em vão.


-Helena Frontini-
(Pres.aut.)